segunda-feira, 16 de maio de 2016

PAIS, FILHOS E BRINCADEIRAS

Um trabalho recentemente divulgado pela Marktest analisou “Hábitos de brincadeira entre pais e filhos portugueses” considerando pais com crianças entre os seis e os doze anos.
A maioria assume não ter o tempo que gostaria para brincar com os filhos e 83.2% referem como actividade mais comum “ver televisão em conjunto”.
O pouco tempo disponível para brincar com os filhos é atribuído às condicionantes profissionais e aos horários escolares. Importa ainda referir que 81% das crianças consideradas frequentam actividades extracurriculares.
Estes dados vêm ao encontro dos indicadores encontrados noutros trabalhos e focam dois aspectos que recorrentemente aqui abordo.
O pouco tempo disponível na vida de adultos(pais) e crianças para actividades em conjunto, brincar, por exemplo e para o peso excessivo da televisão na gestão desse tempo.
Os problemas de tempo dos pais decorrentes dos constrangimentos profissionais criam dificuldades aos pais na guarda das crianças fora do horário escolar e a solução tem sido a prolongar a estadia dos filhos na escola, já é Escola Tempo Inteiro, e não sei o limite deste entendimento que vai ser estendido até ao 9º ano. Para além desta estadia na escola que pode chegar às 10 horas diária verifica-se também, para quem pode, o recurso às actividades extracurriculares que com uma oferta altamente diversificada são também uma forma de “ocupar” as crianças.
Esta situação não é uma fatalidade, podem procurar-se outras soluções e promover ajustamentos na organização do trabalho, diversificação de horários, teletrabalho, etc., de modo a criar outras disponibilidades nas famílias.
No entanto, este cenário não determina que o pouco tempo disponível seja usado para ver televisão. Nesta matéria seria desejável que com os pais e se discutissem outras hipóteses que não são mais onerosas nem mais trabalhosas mas que alargariam o leque de actividades.
Finalmente, acharia interessante que se ouvissem os miúdos relativamente ao seu entendimento sobre as brincadeiras que realizam com os pais, as que gostariam de realizar, o que tempo em que o fazem e o tempo em que gostariam de fazer.
Talvez as respostas nos ajudassem a perceber o que está por fazer.
Fora deste estudo ainda estão as crianças nestas idades sem tempo para brincar com os pais porque o tempo não chega ou porque estes não têm disponibilidade física ou vontade para tal. Muitas destas crianças fecham-se num ecrã sós ou acompanhadas de outras tão “sós” quanto elas.
Podemos e devemos fazer melhor.

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