sábado, 21 de maio de 2016

A GUERRA

Ao que parece os estabelecimentos de Ensino Privado que não poderão criar novas turmas com contratos de associação admitem não assegurar as turmas de continuidade no próximo ano.
Trata-se, evidentemente, de uma decisão que a concretizar-se, o que duvido, será tomada em nome do superior interesse dos alunos como tudo o que tem sido dito nos últimos dias.
Depois das lamentáveis e patéticas manifestações das crianças, da manipulação escandalosa da opinião de muitos pais, basta ouvir ou ler algumas intervenções na comunicação social, de confundirem intencionalmente "liberdade de escolha" com o financiamento público a negócios privados, faltava agora a chantagem. Não pode valer tudo.
Percebo as inquietações com as consequências da decisão do ME de inibir novos contratos quando existe resposta pública.
No entanto, toda esta gente, incluindo a Igreja esteve calada quando milhares de crianças tiveram de ser "deslocalizadas" com o encerramento das suas escolas, esteve calada com a saída de milhares de professores fruto do aumento de alunos por turma, do encerramento de escolas e outras decisões políticas que, por outro lado, foram alimentando os seus interesses. Aliás, é quase patético ouvir os apoiantes e responsáveis por estas situações manifestarem-se tão preocupados com os riscos para os docentes dos estabelecimentos privados numa afirmação de despudor e demagogia que já não surpreendem.
Claro, as decisões que lesavam a educação pública não era um problemas deles. recordo a "Indiferença" do Brecht. Mas agora protestam, estão a tocar nos seus interesses. Não, não são os dos alunos, são os negócios
Como também já disse, aceito os apoios estatais a instituições privadas de educação mesmo em concorrência com a escola pública se estas NÃO TIVEREM FINS LUCRATIVOS. Estarão o Dr. Queiroz e Melo e demais empresários interessados em prestar assim serviço público de educação com qualidade e concorrencial com a escola pública? Como assim não é, não percebo porque tenho que financiar com os meus impostos negócios privados que asseguram respostas que o sistema público pode providenciar.
Também já disse que, tal como acontece com as escolas públicas, gostava que fossem disponibilizados os dados demográficos dos alunos dos estabelecimentos privados, sobretudo com contratos de associação, bem como o número de alunos com necessidades educativas especiais. Eu sei que existem algumas experiências positivas mas estão muito longe de ser a maioria, atente-se nos testemunhos de muitos pais de crianças com NEE.
A defesa da liberdade de educação, seja lá isso o que for, pressupõe a defesa da liberdade dos mercados. Se assim é, os operadores privados devem sujeitar-se às leis mais evidentes do mercado, a oferta e a procura.

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