segunda-feira, 30 de maio de 2016

AS PROVAS DE AFERIÇÃO QUE ESTÃO A CHEGAR

O ME informou numa nota dirigida aos alunos que realizam provas de aferição, facultativas para este ano, que, cito da nota do ME, “(…) os teus pais e encarregados de educação vão receber um relatório individual, que apresentará uma caracterização detalhada do teu desempenho em cada prova.
Com os dados desse relatório, poderás verificar, em conjunto com os teus pais e encarregados de educação, quais os teus pontos fortes e quais as áreas em que tens de melhorar.
Como era habitual também as escolas receberão informação relativa ao desempenho dos alunos.
Continuo com dúvidas sobre a realização das provas de aferição em anos intermédios dos ciclos, 2º. 5º e 8º. Uma aferição, creio, deverá ser realizada no final de um período de aprendizagem. Só nessa altura será possível “aferir” os resultados que se encontram face aos resultados que se esperam e ter uma visão global comparativa.
Uma avaliação durante um período de trabalho com o objectivo de detectar dificuldades e corrigir trajectórias é evidentemente um requisito de qualidade mas é, do meu ponto de vista, uma avaliação de diagnóstico, de regulação, não de aferição.
Também sou dos que entende que os pais e encarregados de educação devem ser, tanto quanto possível, envolvidos e informados sobre o trajecto escolar dos seus educandos. No entanto, também sei das dificuldades sentidas neste envolvimento e o nível de literacia e qualificação escolar dos pais e encarregados de educação, factor que continua, aliás, a ser uma das variáveis mais fortemente associada ao desempenho escolar dos filhos.
Dito isto e sabendo que muito provavelmente os alunos com desempenho mais baixo terão os pais com menor nível de qualificação escolar coloca-se uma questão em termos de educação familiar. Que farão os pais destes alunos com o “relatório” que receberão sobre o desempenho dos filhos nas provas de aferição? Partido do pressuposto da sua dificuldade em os ajudar e da impossibilidade de recorrer a ajudas externas à escola fica a eterna questão, que fará a escola com estes resultados que, aliás, serão certamente coerentes com os resultados das avaliações realizadas em sala de aula pelos professores no âmbito do seu regular processo de trabalho?
Aqui surgem algumas dúvidas. Terá a generalidade das escolas recursos (tempo, docentes e técnicos) e autonomia para organizar dispositivos de correcção de trajectórias escolares de insucesso ou em risco detectadas nestas provas de aferição?
Gostava de ser optimista, quero ser optimista mas … espero para ver.

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