segunda-feira, 28 de maio de 2012

A EQUIDADE SOLIDÁRIA

A imprensa de hoje sublinha o facto da campanha de recolha de alimentos dos Bancos Alimentares ocorrida durante o fim de semana, ter aumentado o volume de alimentos recebidos e o número de voluntários envolvidos.
Estes valores surpreenderam os responsáveis pois, considerando as enormes dificuldades que a generalidade das pessoas atravessa, seria de esperar uma menor adesão.
Considerando os tempos difíceis que a maioria das pessoas atravessa, não pode deixar de merecer registo esta atitude de partilha e ajuda, que os mais variados discursos remetem para a solidariedade dos portugueses que emerge nos tempos mais complicados e que permite minimizar as dificuldades de alguns milhares de famílias. A responsável pelos Bancos Alimentares Isabel Jonet, vê nesta adesão “um sinal de coesão e o melhor sinal de mobilização da sociedade portuguesa” perante as dificuldades colocadas pela crise.
No entanto, convém não esquecer que tudo isto decorre dos modelos de desenvolvimento e sistemas de valores que promovem exclusão e pobreza. Na verdade, muitas vezes a propósito deste tipo de campanhas se argumenta no sentido de que encerram uma dimensão caritativa, assistencialista, que não contraria e, até alimenta, o cenário e as circunstâncias que promovem as dificuldades das pessoas. Ao mesmo tempo, também se argumenta, que a solidariedade das pessoas, acaba por "aliviar" a pressão para que as estruturas responsáveis cumpram com eficácia o seu papel e responsabilidades na área dos apoios sociais.
Sou sensível e concordo de forma genérica com esta argumentação. Sei, no entanto, sabemos todos, que a acção de estruturas como os Bancos Alimentares têm dado um contributo para minorar as dificuldades que muitíssimos agregados familiares atravessam.
Prefiro pensar que o comportamento solidário de muitas pessoas, elas próprias com dificuldades, é um excelente exemplo, este sim, de equidade, a repartição de dificuldades. Estou cansado da retórica sobre a equidade na repartição de sacrifícios e assistir a decisões políticas e a comportamentos de gente muito responsável que contrariam as suas afirmações sobre equidade.

1 comentário:

anónimo paz disse...

O povo Português é assim...

Solidariedade Social - Muito elevada.

Responsabilidade Social - Quase inexistente. Só não foge aos impostos quem não pode.

Responsabilidade Política - Uma lástima. Está bem patente no estado do País aonde estes senhores nos conduziram.

O senhor Presidente da República é o mais desavergonhado. Agora incita o Povo a regressar ao campo e ao mar. Omite que foi ele o principal responsável pelo abandono da agricultura e pescas.


saudações