segunda-feira, 10 de outubro de 2011

SAÚDE MENTAL. Parente pobre nas políticas de saúde

A agenda das consciência marca para hoje a atenção ao Dia Mundial da Doença Mental. Por assim ser, duas notas.
A doença mental é algo que, obviamente, não constitui uma preocupação significativa em matéria de saúde em Portugal. Por outro lado e curiosamente, no discurso comum e, sobretudo no discurso político é muito frequente a utilização, que considero insultuosa, de terminologia própria à doença mental. Todos os dias ouvimos referências às posições ou discursos esquizofrénicos da oposição ou do governo, conforme os registos, às posições ou discursos que se consideram neuróticos ou obsessivos, a banalização do termo depressão, etc. Aliás, tal abuso já foi objecto de uma iniciativa na Assembleia da República no sentido de o combater.
Sabemos também que Portugal tem uma das mais altas taxas de consumo de psico-fármacos da Europa e diferentes estudos sugerem que um em cinco portugueses podem ter alguma forma de perturbação do foro da doença mental sendo que a perturbação da ansiedade parece ser a mais prevalente. É também conhecido o efeito que situações ameaçadoras ou de dificuldades podem ter no emergir de perturbações pelo que o cenário dos próximos tempos não se afigura animador.
O Público de hoje refere um trabalho apresentado pela Ordem dos Psicólogos sustentando a importância e o impacto que dispositivos de apoio às pessoas poderão ter na diminuição dos custos com a saúde, no bem-estar das pessoas e na diminuição do absentismo laboral.
Temos ainda um número excessivo de doentes mentais em situações de internamento quando o consenso terapêutico actual passa por um princípio de manutenção do doente mental em situação de integração social em situações variáveis desde a unidade residencial de pequena dimensão e funcionamento familiar com várias tipologias dirigida a problemáticas diversas, à unidade sócio-ocupacional, até às equipas de apoio familiar.
Pretende-se sobretudo evitar situações de internamento muito prolongado e, no caso de acrianças e jovens adequar as respostas aos quadros clínicos, sempre na perspectiva de manter um princípio de integração social e comunitária.
Eu gostava de ser optimista mas a experiência tem mostrado que a doença mental é, nas mais das vezes, um parente pobre no universo das políticas de saúde. Vamos ver.

2 comentários:

paulo caeiro disse...

A nossa política para a saúde mental reflete-se também nas escolas...este ano lectivo não foi contratado nenhum psicólogo.

Zé Morgado disse...

sairá mais caro no futuro