segunda-feira, 17 de agosto de 2009

HAJA PUDOR E RESPEITO

Num dos jornais televisivos da noite, a propósito do tema da tributação fiscal e da tentação que os sucessivos governos têm de taxar mais os mais ricos, na linha do “os ricos que paguem a crise” de que alguns se lembrarão, aparece um eminente fiscalista, Diogo Leite Campos, a comentar a definição, obviamente desadequada, de 10000 € de rendimento mensal como critério de riqueza. Do meu ponto de vista, também me parece excessivo que este montante defina um “rico”, agora a argumentação usada pelo Professor Catedrático é, no mínimo, um insulto.
Explicou que deduzindo 42% de IRS a 10000 € mensais, restam 5800 € o que é um rendimento europeu de, cito “classe média baixa”. Para clarificar o iluminado fiscalista ainda acrescenta que para pessoas que ganham 1000 €, 5800 poderá parecer muito, mas 1000 €, cito de novo, “é miserável”.
Desconhecerá certamente o senhor Professor Catedrático que existem 1,8 milhões de portugueses pobres, isto é, com rendimento inferior a 360 € (na sua quase totalidade pensionistas) e que de acordo com os últimos dados do INE, 40,6% dos trabalhadores portugueses têm um rendimento líquido inferior a 600 €. Estas pessoas ocuparão que categoria social de acordo com os critérios do senhor Professor?
Não tenho grandes dúvidas que o Professor Diogo Leite Campos se sentiria um miserável com 1000 € mensais, mas alguns milhões de portugueses sentiriam ter uma vida bem menos miserável se em cada mês tivessem aquele montante como salário líquido.
Haja pudor e respeito.

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