Era uma vez uma Professora. Era ainda nova e uma daquelas professoras que acreditava ter nascido para a profissão. Achava-a a mais bonita de todas. É certo que não gostava de muitas coisas que se passavam na escola e à sua volta, mas, ainda assim, seria a sua vida. Naquele ano as coisas não estavam a correr muito bem. Pela primeira vez, tinha um grupo de meninos que estavam na escola pelo primeiro ano. De início ficou muito contente. Ia começar a ajudar os miúdos a ser gente logo desde o princípio de tudo. Preparou-se o melhor possível, com materiais e ideias, mas as dificuldades apareceram. Os miúdos falavam o tempo todo, não se aquietavam para trabalhar e a sala, invariavelmente, ficava bastante agitada. Sem se dar conta, percebeu depois, começou a gritar com os alunos como nunca tinha feito e, até, a ameaçá-los com castigos, procurando que se envolvessem nas tarefas que tão empenhadamente tinha preparado. Nada parecia mudar e o desconforto aumentava.
Um dia, quando buscava ajuda ou inspiração na biblioteca, encontrou o Professor Velho, o que lá vive e fala com os livros, que a inquiriu sobre o ar desalentado de quem tanto gostava de ser professora. Depois de ouvir a sua história, contada com a cabeça, o coração e os olhos, o Professor Velho falou baixinho.
“Sabes Professora, há um tempo para tudo. Antes do tempo de aprender as coisas da escola, há o tempo de aprender a escola. Os miúdos precisam de um tempo para aprender quem são eles na escola, como é estar na escola. Precisam de te aprender, quem és tu, quem és tu com eles. Precisam de aprender o que é isso da escola, para que serve, como serve, etc. Só depois é que vem o tempo de aprender as coisas da escola, as que tens para lhes mostrar. Nessa altura, já sabem como gostas deles, de os ensinar, mesmo quando gritas e te zangas, e vão devolver-te, mais à frente, o tempo que lhes emprestaste de início. Hoje, queremos que os miúdos andem demasiado depressa, como nós.”
No dia a seguir, a Professora pediu a cada aluno que contasse aos outros a coisa mais bonita que já lhe tinha acontecido. Nunca os tinha visto tão tranquilos. A ouvir-se.
Um dia, quando buscava ajuda ou inspiração na biblioteca, encontrou o Professor Velho, o que lá vive e fala com os livros, que a inquiriu sobre o ar desalentado de quem tanto gostava de ser professora. Depois de ouvir a sua história, contada com a cabeça, o coração e os olhos, o Professor Velho falou baixinho.
“Sabes Professora, há um tempo para tudo. Antes do tempo de aprender as coisas da escola, há o tempo de aprender a escola. Os miúdos precisam de um tempo para aprender quem são eles na escola, como é estar na escola. Precisam de te aprender, quem és tu, quem és tu com eles. Precisam de aprender o que é isso da escola, para que serve, como serve, etc. Só depois é que vem o tempo de aprender as coisas da escola, as que tens para lhes mostrar. Nessa altura, já sabem como gostas deles, de os ensinar, mesmo quando gritas e te zangas, e vão devolver-te, mais à frente, o tempo que lhes emprestaste de início. Hoje, queremos que os miúdos andem demasiado depressa, como nós.”
No dia a seguir, a Professora pediu a cada aluno que contasse aos outros a coisa mais bonita que já lhe tinha acontecido. Nunca os tinha visto tão tranquilos. A ouvir-se.
3 comentários:
Os miúdos precisam de saber, a partir do primeiro dia de aulas, em primeiro lugar e acima de tudo, que o mais importante não é a escola nem tão pouco os professores. SÃO ELES PRÓPRIOS!!!
Parece-me que foi essa a mensagem que o Professor Velho, o que fala com os livros, quis transmitir á sra. professora.
A história é muito bonita e comovente.
Saudações
Era bom que este professor existisse em cada uma das escolas, para alimentar o sonho, e a esperança.
Cada vez gosto mais deste Professor Velho, da sua sabedoria e, acima de tudo, da sua simplicidade! Quem me dera que a escola onde ele está fosse a minha escola para eu poder, de vez em qdo, aprender com os seus ensinamentos...
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