Estudo hoje divulgado refere que 74% das autarquias não têm meios para saldarem as suas dívidas. É também conhecido e reconhecido que o nível de endividamento das famílias em Portugal tem subido regularmente. Estas questões são, normalmente, objecto de análises sobre política económica e financeira, produzem-se reflexões sobre o funcionamento dos mercados e a sua evolução, analisam-se indicadores de recuperação e estabilização económicas, etc. Raramente são considerados factores que, do meu ponto de vista, assumem um papel importante. Refiro-me a aspectos de natureza ética e cultural. De mansinho tem vindo a instalar-se a ideia de “és o que tens” e, portanto, “se não tiveres, não és”. Esta ideia leva a que muitos de nós, contrariamente ao que se passava em gerações anteriores, tenhamos a imperiosa necessidade de aceder a bens e serviços que o orçamento familiar não suporta mas que a “generosidade” da Banca suporta. Se não tivermos como haveremos de ser. E lá vem mais uma dívida. As autarquias com o quadro por demais conhecido de gestão do clientelismo, da falta de transparência, da obra de fachada, etc. acabarão fatalmente por ultrapassar limites de gestão equilibrada.
Por isso creio que estas questões são fundamentalmente um problema de valores e, só depois, um problema de natureza económica. Parece urgente a instalação de uma cultura de rigor, qualidade e responsabilidade.
Por isso creio que estas questões são fundamentalmente um problema de valores e, só depois, um problema de natureza económica. Parece urgente a instalação de uma cultura de rigor, qualidade e responsabilidade.
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