O recente anúncio do desaparecimento das provas globais produziu um enorme ruído, recorrente, sobre a questão dos exames. Do meu ponto de vista, muita da opinião publicada é informada por um dos muitos equívocos presentes nos discursos sobre educação. Neste caso creio que, simplificando, emergem duas posições bem contrastadas e que se podem assim enunciar:
1 – Os exames promovem a qualidade do ensino e da educação, logo diminuir o número de exames implica baixar a qualidade, promover o laxismo, o facilitismo e o nivelamento por baixo.
2 – Deve prevalecer a chamada “avaliação contínua”, diminuir o número e peso dos exames ou, pelo menos, estes não devem ter carácter eliminatório.
Nas modernas sociedades a avaliação escolar cumpre, ainda que não exclusivamente, duas funções nucleares que se complementam e que, numa perspectiva de qualidade, são imprescindíveis. Em primeiro lugar, temos uma função de CERTIFICAÇÃO, isto é, através da avaliação (testes, exames, etc.), o sistema educativo certifica que um aluno acedeu, ou não, e em que medida, aos saberes que em cada momento se entendem como ajustados ao longo do seu percurso escolar, decorrendo daqui as decisões relativas, por exemplo, à sua progressão ou retenção.
Em segundo lugar, temos uma função de REGULAÇÃO que se dirige ao processo de ensino e de aprendizagem recolhendo, através de diferentes dispositivos (a avaliação contínua) informação que permita melhorar o trabalho de ensinar (o do professor) e o trabalho de aprender (o do aluno). Sintetizando, a primeira procura avaliar os produtos (RESULTADOS) obtidos pelos alunos, enquanto a segunda se dirige aos PROCESSOS e é imprescindível para correcção da sua qualidade.
É neste quadro que se coloca o equívoco que inicialmente referimos. Em primeiro lugar a existência de mais ou menos exames não tem uma relação directa com a qualidade do ensino, sobretudo quando se enfatiza o número de exames a que se devem submeter os alunos. Numa imagem a que frequentemente recorro, seria como esperar que a febre diminuísse pelo simples facto de a medir mais vezes. Dito isto, reafirma-se a necessidade de manutenção equilibrada de exames em momentos adequados.
Por outro lado, defender pura e simplesmente uma avaliação contínua (que importa saber exactamente o que é e como se realiza, pois também aqui parece emergir uma espécie de “neo-liberalismo” conceptual uma vez que toda a gente está convencida de que sabe claramente do que se trata), seria, creio, desastroso e gerador de desigualdades e, isto sim, provavelmente promoveria facilitismo e nivelamento por baixo.
Assim sendo, parece-me que o grande desafio é aumentar a qualidade do trabalho realizado, promovendo uma cultura de exigência e responsabilidade, modelos adequados de organização e funcionamento dos agrupamentos escolas, etc. Se for este o caminho creio que os resultados (mostrados pelos exames, independentemente do seu número) serão seguramente melhores.
1 – Os exames promovem a qualidade do ensino e da educação, logo diminuir o número de exames implica baixar a qualidade, promover o laxismo, o facilitismo e o nivelamento por baixo.
2 – Deve prevalecer a chamada “avaliação contínua”, diminuir o número e peso dos exames ou, pelo menos, estes não devem ter carácter eliminatório.
Nas modernas sociedades a avaliação escolar cumpre, ainda que não exclusivamente, duas funções nucleares que se complementam e que, numa perspectiva de qualidade, são imprescindíveis. Em primeiro lugar, temos uma função de CERTIFICAÇÃO, isto é, através da avaliação (testes, exames, etc.), o sistema educativo certifica que um aluno acedeu, ou não, e em que medida, aos saberes que em cada momento se entendem como ajustados ao longo do seu percurso escolar, decorrendo daqui as decisões relativas, por exemplo, à sua progressão ou retenção.
Em segundo lugar, temos uma função de REGULAÇÃO que se dirige ao processo de ensino e de aprendizagem recolhendo, através de diferentes dispositivos (a avaliação contínua) informação que permita melhorar o trabalho de ensinar (o do professor) e o trabalho de aprender (o do aluno). Sintetizando, a primeira procura avaliar os produtos (RESULTADOS) obtidos pelos alunos, enquanto a segunda se dirige aos PROCESSOS e é imprescindível para correcção da sua qualidade.
É neste quadro que se coloca o equívoco que inicialmente referimos. Em primeiro lugar a existência de mais ou menos exames não tem uma relação directa com a qualidade do ensino, sobretudo quando se enfatiza o número de exames a que se devem submeter os alunos. Numa imagem a que frequentemente recorro, seria como esperar que a febre diminuísse pelo simples facto de a medir mais vezes. Dito isto, reafirma-se a necessidade de manutenção equilibrada de exames em momentos adequados.
Por outro lado, defender pura e simplesmente uma avaliação contínua (que importa saber exactamente o que é e como se realiza, pois também aqui parece emergir uma espécie de “neo-liberalismo” conceptual uma vez que toda a gente está convencida de que sabe claramente do que se trata), seria, creio, desastroso e gerador de desigualdades e, isto sim, provavelmente promoveria facilitismo e nivelamento por baixo.
Assim sendo, parece-me que o grande desafio é aumentar a qualidade do trabalho realizado, promovendo uma cultura de exigência e responsabilidade, modelos adequados de organização e funcionamento dos agrupamentos escolas, etc. Se for este o caminho creio que os resultados (mostrados pelos exames, independentemente do seu número) serão seguramente melhores.
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