domingo, 4 de setembro de 2022

QUANTO TEMPO É QUE TE FALTA?

 Num trabalho no Público lê-se que até Setembro se aposentaram 1666 professores o que constitui um número recorde, estimando-se que até final de 2022 se reformem mais de 2220 o que, se acontecer, será também o número mais alto num ano.

Este quadro estava estudado e previsto há já alguns anos, mas as políticas públicas não acautelaram os efeitos do envelhecimento da população docente e a consequente e imperiosa necessidade de professores.

Aliás, as políticas seguidas em matéria de educação também contribuíram para o cansaço, desencanto e desejo de abandono da profissão que se foi instalando em muitos docentes e a baixa atractividade que inibiu a motivação pela carreira, única forma de a rejuvenescer.

A propósito, relembro que há já uns anos, uma professora, na altura também aluna num mestrado, me perguntava, com um ar meio sério, meio a brincar, se podia desenvolver um doutoramento a partir de uma questão que ouvia frequentemente nas salas de professores das escolas, quando no meio da burocracia e das actividades ainda havia tempo para passar na sala de professores, “quanto tempo é que te falta?”. A sua ideia não foi para a frente enquanto doutoramento, mas o que lhe está subjacente é bem claro e bem preocupante. O resultado está à vista.

Na verdade, ser professor é uma das funções mais bonitas do mundo, ver e ajudar os miúdos a ser gente, mas é seguramente uma das mais difíceis e que mais valorização e apoio deveria merecer. Do seu trabalho depende o nosso futuro, tudo passa pela educação e pela escola.

Qual é parte que não se percebe?

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