sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

O FACILITISMO DO ENSINO SUPERIOR "LOW COST", A "MEIA LICENCIATURA"

O MEC não desiste. Apesar da sensata recusa do Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos do modelo proposto de formação superior "low cost", em dois anos, a "meia licenciatura" como o Secretário de Estado a designou, o MEC insiste e dá um passo em frente, acena com  140 milhões em sete anos e avança já com os primeiros 20 milhões. Oferta irrecusável, entende, sobretudo nos tempos de míngua financeira que o ensino superior atravessa.
O MEC acreditará que com a cenoura anunciada os Politécnicos acabarão por aceitar o que lhes é proposto, a sua recusa "foi uma reacção de momento que será ultrapassada", afirma o Secretário de Estado.
Como o Conselho Coordenador e especialistas em ensino superior têm vindo a afirmar, a "meia licenciatura" não é muito diferente dos Cursos de Especialização Tecnológica já existentes. Tem, no entanto, uma vantagem muito importante, conta para a estatística da formação superior e permite tentar atingir a meta definida pela Comissão Europeia. Curiosa medida, obviamente facilitista, vinda do MEC gerido pelo arauto e farol do combate ao facilitismo de anos anteriores, Nuno Crato. Se bem repararmos fica bem mais barato financiar cursos de dois anos do que cursos de três e o efeito estatístico é o mesmo. As contas foram bem feitas.
Para além de não acrescentar nada de significativo aos CETs, ainda me parece que se pode estabelecer um conflito potencial com a oferta de licenciaturas já existentes os politécnicos, adquiridas em três anos,  uma vez que o MEC afirma que depois da "meia licenciatura" o aluno pode ingressar numa licenciatura através de uma "prova local" da responsabilidade de cada instituto. Tal situação no actual quadro de abaixamento demográfico e de sobredimensionamento da rede vai, evidetentemente, significar ... mais facilitismo.
Acresce que o mesmo MEC que procede a um claro desinvestimento no Ensino Superior, politécnico e universitário, veja-se a actual discussão em torno do corte de 30 milhões de euros às universidades e da trapalhada das posições de Nuno Crato sobre esta situação, consegue encontrar verbas, europeias, claro, disponíveis para financiar estas "Novas Oportunidades" em modo ensino politécnico. Dá-se sempre um jeito.
No entanto, é justo que se reconheça, lata e manhosice criativa são dois atributos em que o MEC é de uma competência notável.
Aguardam-se novos desenvolvimentos, sobretudo, a reacção do Conselho Coordenador a esta tentativa de compra por 20 milhões por ano durante os próximos sete. É dinheiro.

1 comentário:

não sei quem sou... disse...

Uma fraude ao bom estilo "CRÁTICO".
Uma "MEIA LICENCIATURA" portuguesa se atravessar fronteira vale "UM TERÇO DE LICENCIATURA"

O ensino vai de mal a pior. Até parece que os responsáveis fazem questão de perpectuar o povo ao estilo "OS MAIS BURROS E POBRES DA EUROPA".


VIVA!