segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

(SOBRE)VIVÊNCIA

As notícias sobre o impacto da situação que atravessamos sucedem-se. De acordo com o Público, o Instituto de Segurança Social está sem dinheiro para atribuir subsídios eventuais a pessoas em situação de grave carência. Este tipo de apoio pode ser disponibilizado a quem tem um rendimento per capita inferior ao valor da pensão social, 189,52 euros.
Há poucos dias, de acordo com o IEFP, soubemos que o número de casais em que ambos estão desempregados subiu em Dezembro 9,9 % e durante 2011 a subida foi de 49,9% o que é verdadeiramente significativo e preocupante.
Sabe-se também que é crescente o número de desempregados que não auferem subsídio de desemprego e que se estima em perto de meio milhão. Este número estará em crescimento pois começa a esgotar-se o período em que se usufrui de subsídio, entretanto encurtado, envolvendo as pessoas que caíram no desemprego a partir de 2009, o ano em que os aspectos mais gravosos da crise nos começaram a atingir. Acresce que os valores médios de subsídio de desemprego também estão a baixar.
Há tempos foram divulgados alguns dados referindo que cerca de 200 000 pessoas já terão desistido de procurar emprego, já não constam dos números do desemprego, e calcula-se que 84% dos jovens com menos de 25 anos estão desempregados e não têm subsídio.
Esta quadro impressionante levanta uma terrível e angustiante questão. Os milhares, muitos, de pessoas envolvidas vão (sobre)viver de quê?
Retomo notas de um texto recente. Afirmo com frequência que uma das consequências menos quantificável das dificuldades económicas, sobretudo do desemprego, em particular o de longa duração e de situações em que o tempo obriga a perder o subsídio, é o roubo da dignidade às pessoas envolvidas. Sabemos que se verifica oportunismo e fraude no acesso aos apoios sociais, mas a esmagadora maioria das pessoas sentem a sua dignidade ameaçada quando está em causa a sobrevivência a que só se acede pela “mão estendida” que envergonha, exactamente por uma questão de dignidade roubada.
A pobreza e a exclusão deveriam envergonhar-nos a todos, a começar por quem lidera, representam o maior falhanço das sociedades actuais que evidenciam assimetrias sociais verdadeiramente insustentáveis. A União Europeia, em relatório recente, já afirmou que as medidas de austeridade tomadas em Portugal acentuam as assimetrias sociais.
A liderança que transforma é uma liderança com responsabilidade social e com sentido ético, dimensão em desuso nos tempos que correm. Não é raro assistir a discursos e afirmações que revelam uma insultuosa insensibilidade face às dificuldades das famílias.

1 comentário:

anónimo paz disse...

Depois de ficar siderado perante a miséria a que chegámos e que é muito bem explanada no seu texto, resta-me dizer o seguinte:

Portugal tem sido um País, VESTIDO DE FRAQUE...MAS DESCALÇO.

No presente, basta atentarmos ao que se passa à nossa volta para podermos dizer que: ESTAMOS NO INFERNO E DEIXÁMOS TODAS AS ESPERANÇAS LÁ FORA.


saudações