quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

BANCOS DE AFECTOS

Hoje estava a ver uma notícia sobre os Bancos Alimentares e a ajuda significativa que têm conseguido fazer chegar a muitas famílias através das instituições que apoiam e, de mansinho, ao pensar nas necessidades das pessoas, lembrei-me de como poderia ser útil a existência de Bancos de Afecto.
Se bem repararmos, coisa que nem sempre conseguimos fazer, existem muitas pessoas à nossa beira que estão necessitadas de afectos. Gente de todas as idades e de todas as condições.
Velhos que estão a sofrer de sozinhismo ou emprateleirados em instituições à espera de coisa nenhuma e sem que alguém, como se diz no Meu Alentejo, sinta danos por eles, beneficiariam se pudessem aceder a uma dose regular, mesma pequena, de afectos que lhes dessem um sentido de existência, de gente.
Miúdos a quem, mesmo no meio de muita gente e de muitas coisas, estão sós, frios, a quem falta o aconchego de um afecto, de uma atenção que não venha embrulhada em presentes que mascaram a distância, são também um grupo necessitado.
Muitos adultos, que por variadíssimas razões vivem em famílias em que estão casados por fora e descasados por dentro e donde o afecto fugiu, transformando-se num bem pouco acessível. Como diria Vinícius de Moraes no eterno "Samba da bênção", "ponha um pouco de amor na sua vida". Poderia ser uma ajuda.
De facto, o mundo está cheio de sem-abrigo, não só dos que (sobre)vivem na rua, mas dos deserdados dos afectos, da relação com os outros.
Na verdade é uma ideia completamente disparatada, mas esta coisa de existirem uns Bancos de Afecto que pudessem distribuir por algumas pessoas ... dava jeito.

2 comentários:

glc disse...

Excelente texto! Excelente idéia!
O afecto é um bem precioso, para quem o dá e para quem o recebe. Está também a tornar-se num bem escasso e o tal Banco de Afectos dava muito jeito.

EMLA disse...

E porque não criar um???