domingo, 24 de outubro de 2010

PARA JÁ AOS DOMINGOS À TARDE, MAS A LUTA CONTINUA

Finalmente, a partir de hoje as grandes superfícies comerciais vão estar abertas aos Domingos e pode ser até à meia-noite, para já, porque a luta continua até à vitória final, as 24 horas de abertura. Claro que existem sempre vozes que se levantam brandindo a retórica do costume, o impacto no pequeno comércio, o fomento do consumismo, os estilos de vida e o tempo das famílias, etc. Este argumentário é de uma ignorância confrangedora, esquece a relevância que as grandes superfícies comerciais e os centros comerciais que as acolhem assumem para a nossa qualidade de vida.
Para nós portugueses, um centro comercial não é apenas um espaço, maior ou menor, onde se realizam compras. Aliás, comprar o que quer que seja, está cada vez mais difícil por razões óbvias, daí as lojas com pouca gente e os corredores cheios. Um centro comercial é um espaço de ocupação de tempos livres. Como vários estudos mostram, Portugal tem um baixo consumo de actividades de lazer no exterior, de actividades desportivas e de actividades culturais. É nos centros comerciais que gastamos boa parte dos nossos tempos livres o que os transforma em excelentes ATLs. Para os reformados e, sobretudo, para a população escolar em tempo de férias são uma excelente alternativa para as famílias e com custos relativamente baixos, o hamburger e a cola para o almoço e a miudagem passa lá o dia. Com o fim dos cafés tradicionais, os centros comerciais ocupam também uma boa parte desse espaço de convívio e tertúlia, quando precisamos de nos encontrar com alguém á fácil marcar o encontro para qualquer espaço no centro comercial com a enorme vantagem de ter estacionamento disponível. Se juntarmos a tudo isto a abertura dos hipermercados, onde entramos para comprar um cestinho de bens e saímos a rebocar um carro a abarrotar de imprevistas compras, cujo preço as tornou irrecusáveis, ainda bem que entrámos, concluímos.
Uma outra razão prende-se com a falta de qualidade genérica da construção para habitação em Portugal. As nossas casas estão mal preparadas, quer para o frio, quer para o calor. Assim sendo, que melhor e mais confortável espaço para se passar o tempo que um climatizado centro comercial, com bancos para descanso, palmeiras em plástico, água a correr em fontes, sempre fresquinho no verão e quentinho no inverno.
Por este conjunto de razões, mais algumas haverá de que não me lembrei, um muito obrigado pela decisão, só espero que as autarquias não se armem em desmancha-prazeres e colaborem activamente na liberalização do horários bem como na facilidade para a instalação de novas superfícies.

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