segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

QUE 2009 NOS TRAGA (I)

Com algum tempo livre e enquanto descanso do trabalho de prever 2009 fui fazer um périplo, adoro esta do périplo, ao país real, o meu bairro, e tentar perceber que espera o povo do próximo ano. Trago-vos a primeira recolha.
O meu amigo, Zé Barbeiro. “P’ra 2009, eu queria era o euromilhões e saúde. Como, se calhar, não me sai o euromilhões, o que eu queria é que os gajos pusessem a reforma aos 60, já tou farto de dar à tesoura”.
O meu amigo Cajó, que já conhecem, mecânico e adepto do chunning, o tunning para pobres. “Ó migo, o que eu queria mesmo era o euromilhões para ter guito pa comprar um Audi A3, senão quero é ter saúde para fazer uns biscates e comprar umas ponteiras e uma asa p’ró Punto”.
A D. Odete, reformada. “Olha meu lindo, eu precisava era do euromilhões, para ficar com algum e distribuir o resto pelos pobres. E também podia ir ao particular fazer a operação às varizes que tou à espera vai para 3 anos. De resto, alguma saúde e já fico contente”.
O Sr. Manel, vendedor na praça. “Eu só desejava o euromilhões e saúde. Como não me vai a sair, gostava que o governo olhasse um bocadinho pelos comerciantes pequenos, porque isto anda muito mal. Vende-se pouco e os impostos são muitos”.
A D. Ana, boa pessoa e muito religiosa. “Olhe Sr. José, se eu tiver saúde já vou ficar contente, graças a Deus. E gostava que Deus iluminasse a juventude para não se verem as sem-vergonhices que andam por aí, credo.”
O Sr. Rafael, comerciante e especialista em comer e bober. “Ó amigo Zé, para 2009 só queria o euromilhões, reformava-me e depois comia e bobia descansado”.
O Sr. António, do café. “Olhe amigo, eu só queria o euromilhões, trespassava o estabelecimento e já não tinha que apanhar com a ASAE, que ainda no outro dia aqui teve e apreendeu os croquetes e rissóis bem bons que a minha vizinha de cima, a D. Alzira, faz para eu vender e ela acrescentar alguns euros à reforma”.
Como amostra, dá para perceber como o euromilhões povoa os desejos do povo do meu bairro. Até ao fim do ano deixarei aqui mais alguns postais do país real, ou sociedade civil, como também lhe chamam.

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