quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

OS MILHÕES E OS CÊNTIMOS

O Natal é a época do ano que, privilegiadamente, se destina a um pensamento de piedosa solidariedade para com os nossos concidadãos menos favorecidos. Com a situação que atravessamos e que, dizem, pode ainda piorar, esta preocupação solidária, mais ou menos genuína, tem ainda mais razão para se expressar, do que apenas cumprir o calendário das consciências.
Todos os dias ouvimos o Governo a apresentar medidas e a expressar preocupações. Parece mais ou menos claro que a unidade de preocupação é o milhão, ou seja, ouvimos o anúncio de milhões disponibilizados para os mais diversos fins, mas retemos os milhões injectados na banca para proteger sobretudo, dizem, as pequenas e médias empresas e as famílias, que, ao que parece, não se sentem apoiadas e protegidas.
Pois não vou também falar de milhões, vou falar de cêntimos. Sabem que cerca de 200 000 pessoas, os mais idosos, terão para 2009 um rendimento mensal de 413.33 €? Estas pessoas não recorrem à banca nem integram pequenas e médias empresas, dificilmente os milhões disponibilizados neste universo chegarão àquela franja. Nos tempos que correm, 413 € permitem exactamente o quê? Claro que com diferenças residuais, o fosso entre os mais ricos e os mais pobres mantém-se e os riscos de pobreza são reais. Não atentar nisto é desconhecer a realidade e falta de solidariedade. Também lhe podem chamar políticas sociais. Precisam-se.

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