O Sr. Algoritmo do FB recordou-me hoje uma memória de 10 de Março de 2014. Achei por bem trazê-la de novo aqui. É uma “História com Tempo”.
Era uma vez uma Professora. Era
ainda nova e uma daquelas professoras que acreditava ter nascido para a
profissão. Achava-a a mais bonita de todas. É certo que não gostava de muitas
coisas que se passavam na escola e à sua volta, mas, ainda assim, seria a sua
vida.
Naquele ano as coisas não estavam
a correr muito bem. Pela primeira vez, tinha um grupo de meninos que estavam na
escola pelo primeiro ano. De início ficou muito contente. Ia começar a ajudar
os miúdos a ser gente logo desde o princípio de tudo. Preparou-se o melhor
possível, com materiais e ideias, mas as dificuldades apareceram.
Os miúdos falavam o tempo todo,
não se aquietavam para trabalhar e a sala, invariavelmente, ficava bastante
agitada. Sem se dar conta, percebeu depois, começou a gritar com os alunos como
nunca tinha feito e, até, a ameaçá-los com castigos, procurando que se
envolvessem nas tarefas que tão empenhadamente tinha preparado. Nada parecia
mudar e o desconforto aumentava.
Um dia, quando buscava ajuda ou
inspiração na biblioteca, encontrou o Professor Velho, o que está na biblioteca
e fala com os livros, que a inquiriu sobre o ar desalentado de quem tanto
gostava de ser professora. Depois de ouvir a sua história, contada com a
cabeça, o coração e os olhos, o Professor Velho falou baixinho.
“Sabes Professora, há um tempo
para tudo. Antes do tempo de aprender as coisas da escola, há o tempo de
aprender a escola. Os miúdos precisam de um tempo para aprender quem são eles
na escola, como é estar na escola. Precisam de te aprender, quem és tu, quem és
tu com eles. Precisam de aprender o que é isso da escola, para que serve, como
serve, etc. Só depois é que vem o tempo de aprender as coisas da escola, as que
tens para lhes mostrar. Nessa altura, já sabem como gostas deles, de os
ensinar, mesmo quando gritas e te zangas, e vão devolver-te, mais à frente, o
tempo que lhes emprestaste de início. Hoje, queremos que os miúdos andem
demasiado depressa, como nós.”
No dia a seguir, a Professora
pediu a cada aluno que contasse aos outros a coisa mais engraçada que já lhe
tinha acontecido. Nunca os tinha visto tão tranquilos.
A ouvir-se.
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