Lê-se na imprensa que GNR e PSP estão a levar a efeito junto de escolas e alunos finalistas do ensino secundário de campanhas de sensibilização e fiscalização envolvendo as viagens de finalistas que se realizarão daqui a poucos dias.
Embora possa parecer estranho, o
universo da educação também tem produtos sazonais, as viagens de finalistas são
um deles.
De facto, por esta altura surge
inevitavelmente um fenómeno migratórío que atinge um grupo social extremamente
importante e organizado por camadas etárias, os diversos grupos de finalistas,
sobretudo os do secundário.
Assim que me lembre e tanto
quanto consigo acompanhar, temos finalistas da educação pré-escolar, os
finalistas do ensino básico (1.º e 2.º ciclo), no 9º ano, os finalistas do
ensino secundário, os finalistas do 1º ciclo do ensino superior, a licenciatura
inventada pela bolonhesa ideia e os finalistas do 2º ciclo do ensino superior,
os que abandonam o superior após cinco anos de estadia sendo mestres.
Os finalistas transformaram-se
num nicho de mercado apetecível e rentável. Realizam-se festas e viagens de
finalistas em todas as faixas etárias, iniciativas que as instituições
acarinham e às quais os pais não sabem como resistir, é o espírito da escola, o
convívio, a juventude, o divertimento, etc. etc. Parece que tudo regressou á
normalidade, seja lá isso o que for nos tempos que correm, e a coisa parece
bem, oferta esgotada, lista de espera, etc.
Sem estranheza também este
produto tem riscos de contrafacção e qualidade, são recorrentes as queixas e as
situações de incumprimento ou expectativas criadas e não cumpridas.
Nos últimos anos a migração,
sobretudo no que respeita aos alunos do secundário, tem tido alguma vigilância
das autoridades, que se manterá, e parece haver alguma maior preocupação dos
pais face à experiência iniciática e aos riscos decorrentes dos excessos nos
consumos e na adrenalina. São conhecidas situações muito sérias com
consequências graves e experiências radicais como o “balconing”, salto do
quarto de hotel para a piscina ou os consumos na sua criativa diversidade.
Como já tenho escrito, devo
sublinhar que estas notas não têm qualquer intenção moralista e também gostava
de dizer que o meu filho fez parte, provavelmente, das primeiras gerações de
estudantes do secundário que rumaram a Lloret de Mar, já lá vão uns anos.
Eu ainda sou do tempo da viagem
de finalistas do secundário se quedar por três ou quatro dias a viajar pelo
norte do país, isto lá para os idos de sessenta.
A oferta nas estâncias balneares
olha para este nicho de mercado, os estudantes portugueses e não só, como uma
fonte extremamente significativa de receitas em época baixa no turismo com
destino praia. Nesse sentido, de forma mais ou menos explícita, toda a
estrutura, hotelaria, restauração, divertimento nocturno ou lazer, esmeram-se
no sentido de criar a apetência por uma “histérica” e desregulada “desbunda”
cheia de pica e adrenalina, o famoso espírito de Lloret, dos vários “Llorets”
que o mercado vai gerando. No “espírito de Lloret” tudo cabe, os jovens
soltam-se e apesar de causarem uns "estragos", uns distúrbios e
alguns excessos, no final das contas, a operação compensa, aliás, segundo a
opinião expressa dos empresários locais, os ingleses são piores, claro, não é
novo, somos gente habitualmente bem-comportada, não criamos muitos problemas e
deixamos os apetecidos euros.
Talvez seja mesmo necessário
adequar a fiscalização da oferta nestas paragens, por exemplo das campanhas
indutoras do consumo de álcool.
Para não variar, isto é conversa
de velho, a malta precisa de se divertir, depois de dois períodos de árduo
estudo e antes da dura recta final dos exames.
Para o ano há mais.
Entretanto … quando lá estiverem
divirtam-se.
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