domingo, 12 de maio de 2013

A ESCOLA PÚBLICA. O que virá a seguir

Finalizada, ao que parece, a sétima avaliação da Troika o Governo prepara já o elenco de medidas a implementar, como agora se diz, para conseguir cumprir com distinção a oitava avaliação, a que se espera poder deixar-nos bem perto da solução final.
Como se costuma dizer, fontes bem colocadas fizeram-nos chegar algumas dessas medidas. Por entender que a informação é um direito, partilho aquilo que me chegou, referindo apenas a área da educação.
Assim para o sistema público de educação parece existir a intenção de diminuir para metade os docentes no sistema e aumentar a carga horária lectiva do seu trabalho para as trinta horas semanais. O número de alunos será fortemente reduzido pois está prevista a introdução de exames obrigatórios todos os anos, logo desde o último ano da Educação Pré-escolar. Pretende-se assim que poucos alunos permaneçam no sistema exigindo, portanto, menos escolas e poucos professores com a vantagem acrescida de que sendo bons alunos poderão estar pelo menos cinquenta em cada turma e exigem menos tarefas de planificação, basta seguir as metas curriculares. Os poucos que ficam no sistema acederão a qualificação que lhes permitirá constituir a futura elite científica, cultural, política, económica e cultural.
Os restantes alunos, a grande maioria, serão encaminhados para fábricas a instalar em Portugal por empresários de países habituados a rentabilizar o trabalho dos mais novos que serão incentivados através dos dispositivos de diplomacia económica a desenvolver por Paulo Portas.
Realizar-se-á uma profunda reforma curricular que deixará até ao 9º ano apenas três disciplinas, Matemática, Português e Inglês ou outra língua estrangeira (pensa-se no mandarim) pois tudo o resto não serve para nada e ocupa professores, encarecendo o sistema. No Ensino Secundário teremos ainda Ciências e Física que possibilitarão o acesso a formação superior nas áreas que verdadeiramente interessam.
Será introduzido um novo dispositivo de avaliação de professores assente exclusivamente nas avaliações dos seus alunos nos exames nacionais a realizar todos os anos, cada professor apenas poderá ver até 3 % dos seus alunos com nota negativa, mais do que isso e é o despedimento com justa causa por inadequação à função.
Serão abolidas as reuniões de pais, com os alunos que se prevê que continuem no sistema estas reuniões são uma perda de tempo para os professores.
Ainda uma última referência para a decisão de não permitir a frequência das escolas públicas a alunos com necessidades especiais que, além de complicar a organização e funcionamento das escolas, exigem recursos e meios de que quase nunca conseguem garantir retorno em termos de resultados escolares nos exames nacionais. Estes alunos serão encaminhados para instituições sob tutela da Segurança Social uma vez que não cabem na educação.
Advinha-se um futuro bastante mais tranquilo nas escolas portuguesas.

4 comentários:

Anónimo disse...

"Por entender que a informação é um direito, partilho aquilo que me chegou, referindo apenas a área da educação" Como sou leitor atento, resolvi ler as linhas seguintes, convicto de que nos iria informar sobre as medidas a adoptar pelo governo. Afinal as linhas seguintes não informam coisa nenhuma, limitam-se a tecer comentários, com os quais até posso estar de acordo, mas que defraudam quem supunha estar a aceder a informação rigorosa. Não sou leitor habitual de blogues, e provavelmente estarei a cometer uma

Paulo G. disse...

Às vezes também me chegam informações. Mas algumas delas destinam-se apenas a ser divulgadas por canais não oficiais, a ver se...

Luis Filipe Redes disse...

Trata-se de um caricatura que, de tão extrema, não nos serve para nada. Aliás, pouco interessa o que se diz nos bastidores do poder, pois, de acordo com a minha experiência, são apenas coisas que servem para ser desmentidas.
Por exemplo, vão desaparecer as ciências da natureza e a história e geografia de Portugal? Vão ser construídas novas escolas com salas para cinquenta alunos? Nestas coisas, os números são essenciais. No número de alunos por turma por exemplo, uma unidade é uma grande diferença. Não acredito que nenhum político ou especialista queira acabar com as ciências e a história. Seria crucificado no dia em que a sua proposta viesse a público! E a educação física? Qual é o currículo nacional que não a tem? E qualquer coisa como "trabalhos oficinais", "manuais", visuais

Zé Morgado disse...

Fico na verdade preocupado que o que escrevi não seja entendido como como uma crítica (eventualmente pouco conseguida) ao que está a ser a política educativa. Mesmo preocupante é ler o texto e achar que poderia ser plausível, isto deixa-me verdadeiramente assustado