sábado, 18 de maio de 2013

QUALIFICAÇÃO A MAIS? NÃO, DESENVOLVIMENTO A MENOS

"O número de desempregados com ensino superior inscritos nos centros de emprego no final de Abril aumentou 32,1% face ao mesmo mês de 2012, totalizando 87.958 pessoas, segundo o Instituto de Emprego e Formação Profissional", no Público.
Algumas notas breves.
Em primeiro lugar e como várias vezes tenho afirmado, este tipo de informação divulgada sem tratamento passa, do meu ponto de vista, uma mensagem perigosa, isto é, "não compensa estudar", o destino é o desemprego. No entanto, contrariamente à tão afirmada quanto errada ideia de que somos um país de doutores, continuamos, em termos europeus,  com uma das mais baixas taxas de qualificação superior em todas as faixas etárias incluindo as mais jovens.
Acresce que dados de organismos internacionais mostram que Portugal é um dos países em que, em termos médios, o estatuto salarial dos empregados com qualificação superior é mais elevado que o dos não qualificados. Esta situação pode estar em mudança por razões a que voltaremos adiante.
O que acontece verdadeiramente é termos desenvolvimento a menos, não é qualificação a mais, temos um mercado de trabalho proletarizado e a proletarizar-se que não absorve a mão de obra qualificada. Não podemos passar a mensagem de que a qualificação não é uma mais valia.
Por outro lado, importa não esquecer que as políticas de empobrecimento que insensata e persistentemente nos vão impondo têm como consequência, como referi, uma proletarização da economia com oferta de salários verdadeiramente insultuosas para gente com qualificação. A destruição de emprego, a falta de apoios motivam que se aceite qualquer migalha que contribua para a sobrevivência. Há poucos dias foi divulgado um dado interessante nesta matéria, desde o início da intervenção da Troika apenas foi gerado emprego justamente para salários abaixo do salário mínimo, situação elucidativa do trajecto que vamos fazendo mas com um impacto e gravidade preocupantes.
Políticas com impacto económico recessivo, direccionadas para as finanças e não para a economia, inibem a criação de emprego, o investimento em novos projectos e ideias, justamente a alavanca para o desenvolvimento que exige mão de obra mais qualificada.
Neste quadro, reafirmo que quando se noticia o altíssimo nível de desemprego entre as pessoas com qualificação superior, seria importante que, simultaneamente se sublinhasse que tal não deve constituir desencorajamento à formação, até porque haverá sempre a possibilidade que milhares de jovens têm utilizado de procurar fora de portas um destino que aqui lhes é roubado.

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