Está em curso a realização da anunciada prova Diagnóstico da Fluência Leitora da responsabilidade do IAVE e destinada a medir a velocidade de leitura dos alunos do 2.º ano.
Estão a realizar-se em todas
escolas do 1.º ciclo públicas e privadas em colaboração com a Rede Bibliotecas Escolares
e Filinto Lima assegura, naturalmente, que as escolas estão preparadas. Como
sabemos, as escolas estão preparadas para tudo.
Os alunos lerão um de dois textos
em utilização durante um minuto e teremos um resultado que será devolvido às escolas
no início do ano lectivo e, lá está, as escolas estarão preparadas para desenvolver
a intervenção e as estratégias adequadas aos alunos que conduzam as letras do
papel para a linguagem a uma velocidade mais lenta.
Costumo dizer que no fim de quase
cinco décadas a trabalhar no mundo da educação, mais os anos de estudante,
poucas coisas me surpreendem, mas senhores, uma prova de velocidade da
leitura?!!!
É óbvia a importância e o impacto
da leitura no conjunto das aprendizagens, como também são preocupantee os indicadores
relativos às competências de leitura em diferentes dispositivos de avaliação
externa.
No entanto, avaliar a competência
de leitura apenas com uma prova de rapidez de leitura de palavras é pouco e
esquece dimensões essenciais como compreensão e prosódia.
Quantas vezes, apesar de sermos
leitores competentes e experientes precisamos de diminuir o ritmo de leitura
para tornar mais sólida a compreensão do que estamos a ler. Por outro lado, a
experiência diz-nos que ler mais devagar pode prejudicar num teste de
velocidade e não significar menor competência de leitura.
Quem acompanha o escrevo e
afirmo, sabe que os dispositivos de avaliação na sua diferente tipologia,
formativa, sumativa, diagnóstica, interna ou externa, são ferramentas
imprescindíveis a processos educativos de qualidade.
Dito isto, também entendo que
medir muitas vezes a febre não faz com que ela baixe ainda que necessitemos de
saber se existe febre e tratá-la, esta sim a grande questão, como melhorar os
resultados e com que recursos.
Insisto, a qualidade promove-se,
é certo, com a avaliação rigorosa e regular das aprendizagens, naturalmente,
mas também com a avaliação do trabalho dos professores, com a definição de
currículos e metodologias adequadas, com a estruturação de dispositivos de
apoio a alunos e professores eficazes e suficientes, com a definição de
políticas educativas que sustentem um quadro normativo simples e coerente e
modelos adequados de organização e funcionamento das escolas, com a definição
de objectivos de curto e médio prazo, etc.,
Como escrevi na altura do anúncio
da realização desta prova, gostava que não lessem este texto de forma demasiado
rápida para que possa ficar mais claro o que pretendi reflectir.
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