domingo, 1 de junho de 2008

MANIFESTO

Companheiros e companheiras em idade escolar,
No mundo inteiro celebra-se hoje, 1 de Maio, o Dia do Trabalhador. Muitos de vós não saberão que o dia 1 de Maio foi escolhido para homenagear os trabalhadores de Chicago que, em 1886, começaram a reivindicar o dia trabalho com oito horas o que veio a ser constituído como regra na maior parte dos países.
Mas não para nós, companheiros e companheiras. Nós que andamos nas escolas temos cargas horárias que podem ir até às onze horas, se juntarmos as horas no Atelier de Tempos Livres, as horas curriculares, as actividades de enriquecimento curricular e a componente de apoio à família. Não podemos aceitar esta situação. Dizem os adultos que, fora da escola, não há quem tome conta de nós quando estão a trabalhar. Mudem a organização do trabalho e a gestão dos horários deles. Não sendo nossa a responsabilidade pela situação profissional dos adultos, não temos que sofrer nós as consequências. Muitos de nós, companheiros e companheiras, acabamos por estabelecer péssimas relações com os nossos locais de trabalho, as escolas, com tanto tempo lá vivido. Os adultos lutaram por mudanças na natureza do trabalho, com preocupações de ergonomia e criatividade nas tarefas. E nós? O equipamento é, frequentemente, de má qualidade, tarefas muitas vezes repetitivas, horas e horas sentados em mobiliário desconfortável. Ninguém pensa no risco de desenvolvermos doenças profissionais e nas consequências ao nível da motivação para progredirmos nas nossas carreiras. Os adultos sempre cuidaram primeiro de si e dos seus direitos e só depois, de nós e dos nossos direitos. Não podemos esperar, companheiros e companheiras. É chegada a hora de nos ouvirem. Assim, proclamamos e exigimos:
“As crianças e jovens em idade escolar exigem que lhes seja reconhecido e estabelecido o direito a que o seu dia de trabalho não ultrapasse as sete horas, como já acontece para muitos adultos”.
Portugal, 1 de Maio de 2008
PS - Pela primeira vez coloco um texto já publicado. No dia em que, socialmente, nos sentimos "obrigados" a pensar nos mais pequenos, aqui fica de novo, e sempre, enquanto se justificar.

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