segunda-feira, 16 de setembro de 2019

DA EVIDÊNCIA


Neste início de ano lectivo estava por aqui de volta da evidência e surgiram-me mais algumas dúvidas, já aqui tenho expresso algumas, sobre o que fazemos com a evidência a que toda a gente se refere ou exige como chancela da “verdade”. Não é raro que a evidência sirva para sustentar algo e o seu contrário,
De facto, parece sempre indispensável sustentar aquilo que se afirma com a evidência, ou seja, a evidência torna as coisas evidentes.
Nesta perspectiva algumas evidências assim simples, sem grande sofisticação.
Não é por gritar muito com as crianças que elas falam mais baixo ou se calam. É evidente.
Não é por lhes bater ou humilhar com regularidade que as crianças aprenderão comportamentos adequados. É evidente.
Não é por passarem mais tempo na escola que as crianças aprenderão mais. É evidente.
Se quase sempre dissermos “sim” às crianças é bastante mais difícil que elas aprendam e integrem o imprescindível “não”. É evidente.
Não é por trabalharem muito e muito tempo que as crianças trabalham melhor. É evidente.
As crianças não estão sempre distraídas, às vezes estão concentradas noutra coisa. É evidente.
As crianças, como toda a gente, precisam de sentir que os outros confiam nelas e acreditam nas suas capacidades. É evidente.
Não existem duas crianças iguais, são todas diferentes, mesmo naquilo em que parecem … semelhantes. É evidente.
As crianças não aprendem todas da mesma maneira nem possuem as mesmas competências ou capacidades. É evidente.
Todas as crianças podem ter sucesso educativo. É evidente.
A qualidade da educação não se avalia apenas pelos resultados escolares. É evidente.
No nosso tempo, o insucesso na escola vai ser muito provavelmente o primeiro insucesso de uma vida de insucessos. É evidente.
Se tudo isto e o que mais aqui poderia estar é tão evidente por que razão tantas vezes isto parece esquecido? Parece-me evidente.

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