sábado, 16 de agosto de 2014

SOMOS UM DESTINO FANTÁSTICO. É o futuro

"Lisboa à pinha com enchente de turistas"

Como tem vindo a ser noticiado, Portugal está, em várias vertentes, a ser considerado um excelente destino turístico. Parece ser mesmo o sector da nossa economia em melhor estado o que tem, aliás, sido sublinhado pelo Governo e repetido na imprensa. São boas notícias.
No entanto, este cenário deixa-me também a sensação um pouco incómoda de que corremos o risco de nos transformarmos, num destino "fantástico" ... para os outros. Nós, muitos de nós, sobretudo gente nova, vê-se obrigada a partir para outros destinos, porventura, menos fantásticos.
Também me lembro de muitos outros "destinos" a que muitos de nós se deslocam e encontram "ilhas" de bem-estar e luxo cercadas por um oceano de pobreza, de que se livram a elite do costume e a meia dúzia que subservientemente serve os "turistas" e torna a sua estadia "fantástica", numa terra "fantástica" que, nas mais das vezes, nem visitam, não saindo dos "resorts" "fantásticos para não "ver misérias". Ah, claro, também achamos que as pessoas desses "destinos" são "fantásticas", mesmo simpáticas.
Talvez seja esse o nosso destino, como alguns defendem, tornarmo-nos a Flórida da Europa, "destino" muito interessante para visitar, mas pouco atractivo para viver, sobretudo para os indígenas como nos chama Vasco Pulido Valente.
Com um lema  SPA – Portugal (Simpatia, Profissionalismo, Atenção) ninguém nos bateria como destino turístico e não só no ALL Garve ou Lisboa como hoje a imprensa refere.
Vejam. Com a introdução do inglês no 1º ciclo extraordinariamente bem-sucedida, a comunicação com estrangeiros já não é um obstáculo. Com o sucesso das Novas Oportunidades e agora com o ensino dual, os portugueses profissionalizam-se e o tempo do pano às costas e um palito na boca nos serviços de restauração acabou. Tudo quanto é paisagem interessante passa a PIN (Projecto de Interesse Nacional) e, consequentemente, transforma-se em resort fantásticos e campos de golfe fantásticos em cada distrito, concelho ou freguesia ou bocadinho de praia ou campo ainda não destruídos.
Ao mesmo tempo, cada turista passa, ele próprio, a ser também um PIN (Projecto de Interesse Nacional) daí o ser tratado com Atenção. Temos pobres e zonas degradadas que poderão dar um ar de exotismo permitindo excelentes fotografias em safaris especializados, um nicho de mercado com muitos clientes que depois mostram aos amigos as fotografias que tiraram aos indígenas, até com algum risco, convém dizer para impressionar.
Por fim, apesar de umas malandrices sem grande significado, somos respeitadores e bem comportados com os estrangeiros, especialmente com os que cá metem dinheiro, e ainda temos uma polícia de costumes a ASAE de uma eficácia inultrapassável que zelará pela qualidade de vida de turistas e empregados, nós.
PS – Temos uns políticos assim para o fraquinho mas podemos prometer que não os deixamos incomodar os turistas, nós já estamos habituados.


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