sexta-feira, 22 de agosto de 2014

O MAL-ESTAR COMO SEMENTE

"Fogos de 2013 na Covilhã terão sido causados por menor de 13 anos"

Apesar de a provocação de incêndios não ser muito vulgar, felizmente, são frequentes os episódios de comportamentos socialmente desajustados incluindo violência e abusos entre os mais novos o que nos leva a questionar os nossos valores, trabalho educativo (família, escola e comunidade), códigos e leis pela perplexidade que nos causam. Esta situação, uma série de incêndios propositadamente ateados é um exemplo.
A questão que me leva de novo a estas notas é mais no sentido de tentarmos perceber um processo que designo como "incubação do mal" que se instala nas pessoas, muitas vezes logo na adolescência, a partir de situações de mal-estar que podem passar relativamente despercebidas mas que, devagarinho, insidiosamente, começam interiormente a ganhar um peso insuportável cuja descarga apenas precisa de um gatilho, de uma oportunidade.
A fase seguinte pode passar por duas vias, uma mais optimista em que alguma actividade, socialmente positiva, possa drenar esse mal-estar, nessa altura já desregulação de valores, ódio e agressividade, ou, a outra via, aumenta exponencialmente o risco de um pico que pode ser um ataque numa escola, a bomba meticulosamente e obsessivamente preparada, incêndios provocados, como neste caso,  ou uma investida contra alguém arriscando a entrada numa espiral de violência cheia de "adrenalina", em nome de coisa nenhuma a não ser de um "mal-estar" que destrói valores e gente.
É evidente que apesar da punição e a detenção constituírem um importante sinal de combate à sensação de impunidade perigosamente presente na nossa comunidade, é minha forte convicção de que só punir e prender não basta.
Assim, sabendo que prevenção e programas comunitários e de integração têm custos, importa ponderar entre o que custa prevenir e os custos posteriores das consequências dos comportamentos, da violência, da delinquência continuada e da insegurança.
Finalmente, sublinhar a importância de uma permanente atenção às pessoas, desde pequenas,  ao seu bem-estar, tentando detectar, tanto quanto possível, sinais que indiciem o risco de enveredar por um caminho que se percebe como começa, mas nunca se sabe como acaba.

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