quarta-feira, 7 de agosto de 2013

OS RESULTADOS DOS EXAMES DE 2013. Algumas notas

Algumas notas breves sobre Relatório preliminar do GAVE sobre os exames nacionais de 2013.
Numa síntese telegráfica, no Ensino Secundário as médias nos exames às disciplinas com mais alunos foram as mais baixas desde 2009. O GAVE fala de uma "estabilidade relativa". Certo.
No 3º ciclo as médias em Português e Matemática foram mais baixas que em 2012, de 54% para 48% em Português e de 54% para 44% em Matemática.
O GAVE não vê  “nenhuma regressão na qualidade da aprendizagem dos alunos” e considera "normal" o resultado de Português. Certo.
Quanto ao exame de Matemática o Gave entende necessário melhor análise dada a variação de circunstâncias e provas. Certo.
No 4º ano, verificou-se que a taxa de retenção baixou para os 3%, a mais baixa dos últimos 14 anos. É uma boa notícia. O que é extraordinário é que o GAVE entende que tal mostra o sucesso da realização de exames, (a crença mágica do Ministro Crato) e afirma ainda que esta redução se em grande parte ao “período de acompanhamento extraordinário” estabelecido entre a 1.ª e a 2.ª fases de exames, que curiosamente o MEC admitiu repensar face aos resultados baixíssimos da 2ª fase, 7% de positivas a Português e 20% a Matemática. Agora o GAVE atribui-lhe boa parte do sucesso. Extraordinário.
Em conclusão, o GAVE conclui que "o desempenho médio dos alunos portugueses, em sede da avaliação externa, mostra sinais de estabilidade"  e "se é verdade que enfrentamos um quadro de estabilidade nos resultados que permite inferir a ausência de progressos na qualidade da aprendizagem, também é verdade que estamos muito longe de um cenário de degradação acentuada dessa mesma qualidade". Felizmente.
A partir desta desta conclusão retomo algumas notas.
Em primeiro lugar sublinho o esforço do GAVE no tentido de colocar os números a dizerem o que na verdade não dizem e todos lamentamos que os resultados não sejam melhores.
É por estas razões que, como sempre, me preocupa o que vamos fazer com estes resultados.
Estes resultados são consequência e não causa o que, obviamente, é um lugar-comum. São, naturalmente, consequência dos processos de ensino e aprendizagem prévios ao momento do exame.
Do meu ponto de vista, recorrentemente o afirmo, algumas das medidas da PEC –Política Educativa em Curso não me parecem contributivas para melhorias nos processos de ensino e aprendizagem que conduziriam a melhores resultados em situação de exame. Alguns exemplos que julgo significativos.
Quem conhece de forma razoavelmente próxima os territórios educativos portugueses, dificilmente compreenderá como o aumento do número de alunos por turma possa contribuir para melhorar resultados. Com a insistência na política de agrupamentos e mega-agrupamentos o número máximo foi facilmente atingido designadamente nas disciplinas mais concorridas, justamente as que apresentam médias mais baixas. Com a recente decisão sobre a rede escolar e não autorização de funcionamento de muitas turmas a situação será ainda mais grave.
Os fortíssimos cortes nos recursos docentes que já se verificaram e continuam para o próximo ano criarão certamente constrangimentos ao trabalho de apoio e ensino nas escolas que ajudem a ultrapassar dificuldades de alunos e professores.
Curiosamente, ou talvez não, o Ministro Nuno Crato já tinha afirma do que os resultado conhecidos dos exames mostravam a necessidade de uma "avaliação externa rigorosa", mais uma avaliação. Na verdade, a questão é de trabalho interno, de condições das escolas e estabilidade e suficiência nos corpos docentes das escolas e agrupamentos, não é de avaliação externa que, sendo importante em algumas matérias, não é central para o efeito de melhorar o trabalho de alunos e professores.

Sem comentários: