quinta-feira, 11 de julho de 2013

A NOVA MATRIZ CURRICULAR DO 1º CICLO

Umas notas breves sobre a nova matriz curricular para o 1ºciclo.
Ainda que não entenda a opção por uma "Oferta Complementar", parece-me importante que o Inglês passe a estar integrado no currículo em vez de integrar as AECs, pois não sendo estas obrigatórias potenciavam-se assimetrias na acessibilidade a uma língua estrangeira no 1º ciclo.
Nunca fui particular adepto do modelo que envolvia as áreas não disciplinares Área de Projecto, Estudo Acompanhado e Educação para a Cidadania pois das duas uma, ou são conteúdos relevantes e deverão ser "disciplinares" ou não são conteúdos relevantes e deveriam ser opcionais ou eventualmente dispensáveis. Acontece que apesar da imensidade de práticas e abordagens que se realizavam ao abrigo destas "Áreas não disciplinares", levando a que coexistissem trabalhos notáveis de alunos e professores com laxismo, negligência e irrelevância educativa, alguns dos potenciais conteúdos nestas áreas são essenciais, por exemplo as questões da formação cívica e da cidadania pelo que veriam ocupar um espaço curricular próprio, claro, e não integrados numa estranha "Oferta Complementar".
Por outro lado, transforma-se o anterior "Estudo Acompanhado" que, em alguns casos não era Estudo mas era Acompanhado simplesmente porque os miúdos não estavam sós, num Apoio ao Estudo, obrigatório e visando sobretudo o reforço do apoio a Português e Matemática. É a lógica de Nuno Crato em matéria de currículo, Português e Matemática, Português e Matemática, uma língua estrangeira e pouco mais. É verdade que se torna fundamental garantir competências e saberes em Português e Matemática, as ferramentas de construção do conhecimento, mas a educação escolar é bem mais do que isso. Por outro lado não entendo muito bem a razão pela qual o Apoio ao Estudo é de frequência obrigatória. Na verdade, ou trata-se de uma forma habilidosa de aumentar de forma indirecta as horas de trabalho em Português e Matemática e assim sendo todos os alunos deverão frequentar ou trata-se de apoiar os alunos que experimentem maiores dificuldades prevenindo e combatendo o insucesso pelo que não deveria ser obrigatório.
Finalmente uma nota para sublinhar a continuidade no trajecto de "disciplinarização" do 1º ciclo com a atribuição de "tempos lectivos" a todas as áreas curriculares que contraria a lógica da Lei de Bases ainda em vigor mas é coerente com a burocratização do trabalho lectivo e que se estenderá certamente à educação pré-escolar.

1 comentário:

Ana Mar disse...

Infelizmente é tão real!