A REALIDADE ESTÁ ENGANADA, EU É QUE ESTOU CERTO

O Ministro Vítor Gaspar, apesar de reconhecer "ter amplo material" para aprender com os seus erros, recusa aceitar que o programa de austeridade está a falhar. É certo que algumas coisas falharam, designadamente a metereologia e o Tribunal Constitucional. Vítor Gaspar, na discussão do orçamento rectificativo, justifica com o clima o abaixamento da produção e curiosamente, como o I coloca em 1ª página, antes da decisão do Tribunal Constitucional já se verificava um buraco orçamental de 4395 milhões de euros.

Se não tivéssemos mais de um milhão de desempregados, mais de metade dos quais sem subsídio, com a previsão de que continue a aumentar. Se não tivéssemos cerca três milhões de portugueses em risco de pobreza, se não tivéssemos milhares e milhares de empresas falidas, se não tivéssemos, enfim, indicadores preocupantes sobre a degradação da qualidade de vida da generalidade dos portugueses, as afirmações de Vítor Gaspar poderiam ser um momento de humor que dizem ser uma dimensão que cultiva.

A questão é que revelam o que tem sido habitual, a incapacidade incompreensível de aceitar que seria necessário inflectir o caminho e reorganizar objectivos e prazos e programas.

O Ministro insiste na ideia de que ele está certo, apesar de ter cometido alguns erros obviamente irrelevantes, os génios são assim, humildes, mas a realidade, essa sim, é que está profundamente enganada.

São inúmeras as vozes de múltiplos quadrantes políticos nacionais e internacionais, de diferentes sectores de actividade a entenderem que a opção cega pela austeridade está a provocar uma situação devastadora para milhares e milhares de famílias e que importa mudar de rumo.

No entanto, o Governo, com o génio Gaspar e o geniozinho Moedas, obedecendo ao diktat da troika persiste de forma insensível e insensata no caminho que traçou.

Até quando?