terça-feira, 17 de julho de 2012

A DERIVA. Esperemos para ver

"Crato garantiu que os docentes com horário zero poderão ser retirados do concurso de mobilidade para desenvolverem actividades de apoio ao sucesso educativo, que contarão como componente lectiva", lê-se no Público. Apesar do processo instável que se desenvolve nas escolas de "atribuição" de horários zero aos professores "excedentes", com custos elevados para o clima de escola, variável importante na qualidade da educação, creio que a utilização de docentes, já no sistema, em dispositivos de apoio ao trabalho de alunos e colegas vai ao encontro de algo que aqui tenho defendido.
No entanto, o processo que nesta matéria tem vindo a ser seguido parece-me à deriva e  reactivo, ou seja, o tiro vai sendo corrigido à medida que as vozes se levantam e são cada vez mais. Recordo que há algumas semanas o Ministro referiu na AR o previsível aumento de professores sem trabalho que, na altura, ainda não seria possível quantificar.
Hoje, o Secretário de Estado afirma que, “Todos estes docentes (os colocados em horário zero) terão funções e nos grupos mais requisitados haverá a possibilidade de ir buscar contratados”. O Ministro também garantiu: “Todos os professores são necessários para o sucesso escolar dos nossos alunos”.
Como já afirmei recorrentemente, as necessidades de docentes constituem uma matéria complexa que não deriva só da demografia escolar, aliás em baixa, existem múltiplas variáveis incluindo as de natureza contextual que influenciam a definição de necessidades. Por outro lado, foram tomadas várias medidas que, do meu ponto de vista, são uma ameaça à qualidade, aumento do número de alunos por turma e mega-agruamentos bem como algumas mudanças em termos de organização curricular e que no seu conjunto irão produzir "professores a mais".
Não compreendo como é que a equipa ministerial aparece agora a garantir que "todos os professores são necessários" e "todos terão funções".
Gostava de acreditar mas ... a manha política parece aprender-se depressa, com ou sem processos de equivalência, eles próprios manhosos.

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