quinta-feira, 27 de maio de 2010

MENOS ALUNOS E MENOS PROFESSORES

Está em decurso, por iniciativa do Movimento Escola Pública, uma petição no sentido de se estabelecer que na constituição das turmas do pré-escolar e 1º ciclo, o número máximo de alunos passe de 24 para 19 e no 2º, 3º ciclo e ensino secundário diminua de 28 para 22. É ainda solicitado que cada professor não leccione para mais do que 110 alunos, ou seja, 5 turmas com o máximo de alunos que a petição propõe.
Não são conhecidas as disponibilidades físicas do parque escolar no sentido de suportarem o acréscimo de turmas que a medida proposta implicaria, nem, como refere o CDS-PP, o impacto financeiro da medida, mas alguma notas soltas sobre esta questão que está permanentemente em cima da mesa.
Por princípio óbvio, turmas com menos alunos favorecem a qualidade do trabalho dos professores e dos alunos com naturais consequências nos resultados escolares e no comportamento. No entanto, é também necessário considerar as diferenças de contexto, isto é, a população servida por cada escola, as característica da escola, a constituição do corpo docente, etc.. Tal significa que, apesar da concordância genérica com princípio de reduzir o número de alunos, pode admitir-se alguma flexibilidade.
Já a ideia de reduzir o número máximo de alunos com que cada professor trabalha só peca por tardia. Parece óbvio que menos alunos permite melhor conhecimento de cada um, menos turmas permitiria, por exemplo, que um professor no seu horário pudesse assegurar duas disciplinas do seu grupo científico na mesma turma (existem casos em que é possível e muitas escolas já praticam) aumentando o tempo de contacto do professor com os mesmos alunos com naturais reflexos positivos.
O actual modelo de organização das escolas e do trabalho dos professores leva a que um número extraordinário de horas de trabalho docente seja dedicado a tarefas sem fim na escola, em inúmeras tarefas de natureza quase administrativa, para além das reduções inerentes à progressão na carreira e de outras funções não lectivas. Tudo isto contribui para que em termos práticos tenhamos um modelo menos eficiente e facilitador do trabalho dos alunos e os próprios professores, cujo empenho e profissionalismo esbarra muitas vezes com modelos inadequados de organização e funcionamento das escolas.

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