quarta-feira, 21 de abril de 2010

A MENINA DE CINCO OLHOS

É cíclico e não causa estranheza. Sempre que algum fenómeno começa causar preocupações e grandes dificuldades emergem os discursos duros que se opõem às "modernices" que estragam as pessoas. O I, a propósito de nos Estados Unidos, mais concretamente no Texas, se ter retomado o uso da régua para lidar com os comportamentos dos miúdos, relança a discussão a pensar na nossa realidade ouvindo alguns pais e professores que rejeitam a solução, felizmente, digo eu. Vai ser interessante conferir os comentários on-line, pois creio que aparecerão certamente apoiantes desta prática.
Lembro-me quando era miúdo, também me tocou, mais do que a dor física da reguada, me sentir tremendamente humilhado por estender a mão a alguém, um adulto e professor, que friamente me batia tantas vezes quantos os erros no ditado ou em consequência de ter falado com meu colega quando era suposto estar calado. Lembro-me ainda do especial requinte de um professor que em vez de ser ele a bater, encarregava um de nós de o fazer levando do professor se batesse devagar no colega.
Muitas pessoas assustadas com as grandes dificuldades que sentimos com os comportamentos das crianças sentir-se-ão tentadas pelo retorno à menina de cinco olhos. Os mesmos medos que fazem alguns suspirar pela pena de morte que os Estados Unidos não abandonaram mantendo, é bom não esquecer, indicadores de violência e delinquência superiores aos nossos.
Finalmente, antecipando alguns comentários, sublinhar que este entendimento não tem nada a ver com laxismo ou com a ausência de regras, limites e punições, são fundamentais e imprescindíveis na formação dos miúdos Tem exclusivamente a ver com a natureza dos processos utilizados e a sua eficácia e com o respeito pelos direitos dos miúdos.

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