sexta-feira, 23 de abril de 2010

COPY, PASTE

Há algum tempo a imprensa fez-se eco de uma preocupação de muita gente ligada ao ensino básico, secundário e superior com a relativa normalidade com que os alunos realizavam trabalhos a partir do dispositivo "copy, paste" ou seja, plágio.
Na altura opinei, sublinhando a preocupação, mas considerando que uma certa cultura de normalização e os modelos de ensino muitas vezes instalados sustentavam a criação de atitude de facilidade e de que não é grave, "é normal" copiar.
A questão é que, é sabido, os problemas do "copy, paste" não são exclusivos dos alunos como a peça do Público evidencia. Os casos de plágio não são tão raros na comunidade académica como se imagina e o discurso de "virgem ofendida" que por vezes se ouve não passa de uma retórica que procura mascarar o óbvio, a realização de plágios.
A pressão e a competição desenfreada instalada no mundo académico ajudam a definir condições favoráveis a que numa "fraqueza da carne" se cozinhem uns produtos, teses ou artigos, por exemplo, que "safem" o autor ou autores mesmo que a ética fique razoavelmente afastada deste cenário.
Como sempre, é importante evitar o discurso da generalização abusiva e obviamente errada, mas é bom ter consciência que também o mundo da elite científica é permeável a algum despudor ético que por aí anda.
Sinais dos tempos.

3 comentários:

Anónimo disse...

Agradecia que lesse os inúmeros comentários feitos por várias pessoas ao artigo do Público (mais de 10 sobre a questão), sobre o Mau, Fraco e Lamentável Jornalismo, os divulgasse aqui (se assim o entender) e os discutisse. Não tem que o fazer, naturalmente, mas gostaria de apreciar.

Zé Morgado disse...

Li os comentários. A questão, do meu ponto de vista, foi isso que comentei, é que o plágio no mundo académico não é tão raro como se pode imaginar. Não comentei este caso em particular, nem a qualidade do jornalismo que, como também não é de estranhar, é, frequentemente, mal informado, amador e com agendas nem sempre claras. Quanto ao divulgar os comentários aqui, não me parece adequado até porque no meu texto sobre esta questão coloquei o link que permite aceder à notícia e, naturalmente, aos comentários.

António disse...

Uma grande parte de "professores" de alguns politécnicos vivem em torres de marfim. Têm a licenciatura e alguns, tentam fazer mestrado com ajudas das escolas e nem assim o conseguem. Fazer parte da "família" é condição sine qua non para fazerem parte das escolas, caso contrário, não vêm os contratos renovados........Esta gente não necessita mostra valor em nenhum campo, nem científico nem relacional, pois à partida tem o lugar garantido!
O mais chocante é acontecer em escolas públicas, que foram deixando de fazer concursos para passar a fazer convites a gente sem nenhuma qualidade , entenda-se moral e pedagógica......


Professor desiludido e reformado por antecipação.....