sexta-feira, 30 de abril de 2010

O PORTUGAL DOS PEQUENINOS

Os tempos complicados que atravessamos solicitam, creio, que se construam entendimentos, que não eliminando diferenças naturais e necessárias, construam caminhos que possam contribuir para que a promoção do bem-estar comum prevaleça sobre os interesses individuais, corporativos, partidários ou de outra qualquer natureza minoritária.
Vem esta introdução a propósito das reacções que no seio dos respectivos partidos, PS e PSD os que mais provavelmente ocuparão o poder, tem vindo a emergir na sequência de algum entendimento entre Sócrates e Passos Coelho. Do meu ponto de vista e à luz do chamado bloco central de interesses, creio que em questões de natureza macroeconómica as diferenças não são tão substantivas assim, pelo que alguma convergência não surpreende. Por outro lado, também em termos pessoais estaremos em presença de estilos que permitem supor alguma proximidade e também por aí alguma aproximação não me surpreenda.
O que verdadeiramente acho extraordinário é a recusa de algumas vozes do dono preocupadas com os eventuais entendimentos. São vozes que se alimentam do mal-estar geral para capitalizarem, acham, dividendos. São os que quando se referem aos graves indicadores de problemas do país, têm que fazer um esforço para não se mostrarem contentes, porque isso lhes permite dizer mal, ou dizer bem, de forma acrítica, canina e sem um mínimo de sobressalto com o bem comum, o seu mundo é o que imaginam ser os interesses do seu partido.
Estou à vontade, porque me expresso amiúde contra a partidocracia instalada e sou um abstencionista militante. Mas enquanto não conseguimos que a organização cívica e política seja, de facto, alargada ao universo fora dos aparelhos partidários, o poder é exercido pelos partidos, tal como eles estão. E nesta fase que atravessamos é fundamental não perder de vista, entre outros aspectos, um risco sério de depressão económica e financeira, mais de 10% de desempregados e cerca de dois milhões de cidadãos em risco de pobreza.
E esta gente pequenina preocupada com o entendimento, apesar de pouco sólido e extenso, entre os que podem chegar a primeiro-ministro.

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