terça-feira, 6 de abril de 2010

CORROSÃO ÉTICA

Nos últimos anos tem vindo a agravar-se um fenómeno preocupante e de consequências graves para as famílias, o sobre endividamento. Este fenómeno que sendo, naturalmente, um sério problema de natureza económica, radica, do meu ponto de vista, no sistema de valores e padrões éticos que vão caracterizando os tempos. Por um lado, a pressão ao consumo, só és o que tens, e, por outro lado, o incentivo desregulado ao consumo decorrente do endeusamento do mercado. Também conhecemos a astronómica dívida do estado e também das empresas, de há muito que vivemos acima das nossas possibilidades, e as consequências gravíssimas que daí decorrem, está aí o PEC a atestá-lo.
Sem surpresas e para mostrar como coerente é a sociedade em que vivemos, o trabalho de hoje no Público mostra como os donos da democracia em Portugal, os partidos, também eles, estão fortemente endividados. Em termos gerais e em 2008, o PSD devia mais que todos os outros 15 partidos juntos, qualquer coisa como 10,1 milhões de euros, sendo ainda, e isto é notável, que dos partidos representados no Parlamento, apenas o PCP declarou prejuízo, todos os outros, num milagre de gestão, do mesmo tipo que realizam quando governam o país, apresentam lucro, isso mesmo, lucro.
De facto, maior coerência é difícil, deve o estado, devem os cidadãos e devem as estruturas que se propõem ser governo.
Não sei muito bem como tudo isto pode ser avaliado, ou até mesmo se é susceptível de avaliação, mas esta continuada corrosão de natureza ética causa danos nas nossas comunidades dificilmente reparáveis nos tempos mais próximos.

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