domingo, 15 de novembro de 2009

ATÉ QUANDO?

À medida que desfila aos nossos olhos o país político não consigo descrever com exactidão que sentimento me passa pela cabeça, vergonha, tristeza, revolta, indignação, indiferença resignada, etc. Provavelmente um pouco de tudo isto. Já não nos conseguimos surpreender com o que todos os dias nos entra em casa.
Do meu ponto de vista, já o tenho referido, a partidocracia que se instalou em Portugal levando a que os partidos, através dos respectivos aparelhos e consoante o calendário tomassem conta do país, minou dramaticamente a estrutura ética de uma democracia que estava ainda em maturação. A agenda dos partidos e os respectivos interesses, institucionais ou pessoais, sobrepõem-se despudoradamente ao bem comum.
Tal cenário não parece facilmente modificável pois, obviamente, os partidos capturaram o quadro normativo que regula a actividade política e, por isso, sendo parte do problema dificilmente serão parte da solução. Veja-se os casos recentes das alterações legislativas sobre o financiamento dos partidos e da falta de vontade política de combater a corrupção exemplificada com o tratamento ao chamado pacote Cravinho.
Os sucessivos casos que têm vindo a público, curiosamente o ultimo chamado Face Oculta, serão, pelo contrário, a face visível de tudo isto. As faces ocultas, muitas mais do que as conhecidas, permanecerão isso mesmo, ocultas, mas com muitos rabos de fora em todos os patamares e áreas da nossa sociedade.
Oiço os politólogos, espécie em proliferação e já quase praga que se juntou aos tudólogos, perorarem sobre o mal-estar da democracia de vários ângulos e com análises sempre muito interessantes mas sempre, do meu ponto de vista, ao lado, como se costuma dizer. Seria necessário um movimento forte da sociedade não alinhada nos aparelhos partidários a exigir mudanças e compromissos éticos às lideranças. É necessário uma militância activa no combate à partidocracia, denunciando, exigindo responsabilidades, a abstenção não chega. A imprensa teria aqui um papel fundamental se parte dela não tivesse também um compromisso mais ou menos evidente com as agendas partidárias.
Quando penso que tudo isto já bateu no fundo, surge algo ainda pior. Até quando?

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