segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O HOMEM QUE VEIO DE LONGE

As pessoas naquela terra estranhavam o comportamento e as falas daquele homem com ar diferente, por assim dizer, que tinha aparecido por lá.
Ouviam-no a comentar admirado as coisas que via, tudo lhe parecia causar estranheza e frequentemente dizia, “Donde eu vim não havia disto”. Tudo lhe parecia ser uma novidade que não conhecia ficando parado e perplexo. Por vezes até se tinha a sensação de que o Homem não percebia muito bem o que estava a ver ou a ouvir.
Comentava o comportamento das pessoas sempre com o mesmo tipo de apreciação, “Lá de onde eu vim nunca tinha presenciado tal coisa”. Na maior parte das vezes os seus comentários traduziam uma apreciação negativa.
As pessoas que se cruzavam com ele e o ouviam ficaram progressivamente intrigadas com as reacções do Homem.
Um dia uma delas, mais afoita, resolveu clarificar as dúvidas que se tinham instalado e interpelou o Homem, “Mas afinal quem é você e donde veio?”
Chamo-me Alma e vim do Céu.
Do Céu, está a brincar, é onde o Céu?
Longe, muito longe, constou que vai fechar, já pouca gente por lá aparece. Eu ando por aí à procura de um lugar tranquilo para passar os próximos séculos.
E afastou-se devagar com aquele ar diferente, por assim dizer, e a afirmar mais uma vez, “Lá donde eu vim não havia disto”.

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