sábado, 30 de junho de 2018

NAS ÚLTIMAS HORAS


Nas últimas horas as lideranças europeias deram mais um espectáculo de uma mediocridade deprimente de ausência de visão, de demissão dos valores que supostamente fundaram a União Europeia e de insensibilidade ao sofrimento.
Nas últimas horas a agenda referiu ad nauseam a eleição de António Vitorino para Director da Organização Internacional das Migrações acreditando não sei bem em quê.
Nas últimas horas mais de cem mortos, entre os quais crianças, no desespero de uma fuga do inferno.
Vão faltando as palavras para falar do horror e da barbaridade que no mar e em terra vai acontecendo cada vez mais perto de nós, que, provavelmente, acreditávamos estar a salvo de tamanhas tragédias.
A merda de lideranças actuais da generalidade dos países que põem e dispõem no xadrez do poder mundial e de tantos outros subservientes e submissos que, em muitos casos, de pessoas não sabe nem quer saber, permite, sem um sobressalto e com palavras que de inócuas são um insulto, que se assista à barbaridade que as imagens, os relatos mostram e o muito que se imagina mas não se vê.
Apesar da complexidade é evidente para toda a gente com um pouco de senso que nada disto se resolve com muros ou vedações, com bombardeamentos cegos, com milhares de mortos e de refugiados, com a manipulação de emoções e interesses de circunstância ou combatendo alguns e depois apoiar esses alguns ao sabor dos movimentos da luta pelo poder
Crescem muros, chovem bombas, a barbaridade estende-se, o horror é imenso e, por vezes, nem a retórica da condenação é convincente e muitos menos, evidentemente, eficaz.
A questão é séria, os ventos sempre semeiam tempestades e as tempestades num mundo global não ficam confinadas nos epicentros. E são tempestades que por mais policiado que um estado seja não se conseguem evitar.
Não existe terror mau e terror bom. Não existe horror mau e horror bom. Não existe terrorismo bom e terrorismo mau.
Como é possível que tal horror aconteça e tanta gente com responsabilidades assobie para o ar e se fique pelas palavras de circunstância.
Não, não é para estragar o dia. É só porque é neste mundo que vivemos, vivem os nossos filhos e viverão os nossos netos.

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