domingo, 10 de abril de 2011

O CANTO DA SEREIA

Não resistiu. Há uns meses atrás quando emergiu a candidatura de Fernando Nobre à Presidência da República e, sobretudo, considerando os resultados que obteve pensei que poderíamos estar a assistir ao início de uma mudança no âmbito da vida cívica portuguesa a que acrescentei a manifestação de 12 de Março.
Também na altura, tal como após a manifestação me referi ao risco da partidocracia querer, por razões óbvias, capturar Fernando Nobre e o movimento "Geração à rasca". Lembro-me de Fernando Nobre ter sempre rejeitado a ideia de um partido exactamente porque teria uma visão outra para o nosso cenário cívico e político, fora da viscosidade inabalável dos aparelhos partidários e diferente da partidocracia instalada.
Pois é, nem foi preciso muito tempo. Cabeça de lista por Lisboa e putativo candidato a Presidente da Assembleia da República agora por dentro do PSD. É uma bela cambalhota, sim senhor.
O Dr. Fernando Nobre não ficará certamente incomodado, mas o respeito que me mereceu a coragem da candidatura e o discurso da cidadania esfumou-se. Compreendo-o, aliás, como médico saberá como a carne é fraca e, isto sabemos todos, o poder é uma enorme tentação.

2 comentários:

anónimo paz disse...

Homero escreveu um poema épico a que lhe deu o nome de "ODISSEIA". Homero descreve o perigo que Ulisses enfrentou no mar EGEU quando regressou a ÍTACA.Ninguém podia escapar com vida depois de ouvir o mavioso canto das sereias.
A lenda não morreu de velha nem mudou de nome. Apenas lhe deram foros de autenticidade e acrescentaram dois apelidos ou seja ficou assim: O CANTO DA SEREIA DA ECONOMIA NEOLIBERAL! E também ninguém escapa!!!

Á chegada do Senegal, Fernando Nobre disse: Não tenho nada a haver com o partido Socialista, a minha candidatura á Presidência da República é em nome da cidadania. Recusou também comentar se a decisão de avançar para Belém poderá dívidir a esquerda, tendo em conta a disponibilidade anunciada por Manuel Alegre para se candidatar. COMO EU AGORA O COMPREENDO!!!

Eu não pretendo fazer o papel de Jerry Fletcher (isso foi Mel Gibson)no filme TEORIA DA CONSPIRAÇÃO. Mas que o sr. Nobre daria um optimo taxista, isso é uma verdade!...

saudações

Anilorac_FM disse...

De facto, há qualquer coisa que se respira no ar da política partidária, que, às primeiras inspirações, se começa logo a notar a diferença. Já na altura da candidatura às presidenciais, assim me pareceu. Agora, foi mesmo o tiro no pé. E já nada me surpreende.

Como o professor disse e bem, a carne é fraca e o poder (e talvez também, o desejo de aceitação, de agrado aos demais) é tentador.