segunda-feira, 28 de março de 2011

JOVENS E QUALIFICADOS, DESEMPREGADOS OU PRECÁRIOS

Em apresentação a realizar hoje será divulgada a analise dos dados do Programme International for Students Assessment, PISA, considerando o período 2000-2009. De acordo com estes dados Portugal é o 6º país da OCDE cujo sistema educativo compensa melhor as assimetrias socioeconómicas entre os alunos. É importante que tal aconteça e tenho por hábito confiar, por princípio, na seriedade dos estudos.
No entanto, considerando as idades consideradas no PISA importa atentar nos dados há pouco tempo disponibilizados pelo Observatório dos Trajectos dos Estudantes do Ensino Secundário e Gabinete de Estatísticas e Planeamento da Educação sublinhando a relação fortíssima entre o sucesso escolar dos filhos e o nível de escolaridade dos pais. No patamar considerado, 12º ano, os filhos de pais com maior nível de qualificação escolar são os que, de uma maneira muito evidente, apresentam notas mais altas. Sabe-se também que as notas mais baixas e os "chumbos" também evidenciam uma marca de classe muito significativa, atingem de forma mais nítida os agregados familiares com nível de escolaridade mais baixo. Nada de novo, portanto.
Por outro lado, o Público informa que mais de metade dos jovens no mercado de trabalho têm contrato não permanente. Deve, no entanto sublinhar-se que a precariedade nas relações laborais quase duplicou na última década. Portugal é o segundo país da Europa, a seguir à Polónia, com maior nível de contratos a prazo. Tal quadro de relações laborais, que algumas lideranças políticas querem tornar ainda mais flexíveis, não afecta exclusivamente os jovens, embora quem esteja a entrar no mercado de trabalho se encontre, obviamente, em situação mais vulnerável.
Uma última nota ainda sobre a incontornável questão da qualificação dos jovens.
Assim, como são precários não por serem jovens mas por modelos errados de desenvolvimento económico e fruto dos modelos de contratação e regulação das leis laborais, a agenda neo-liberal, também não estão desempregados por serem qualificados, estão no desemprego porque temos um mercado pouco desenvolvido e ainda insuficientemente exigente de mão de obra qualificada e estão no desemprego porque, por desresponsabilização da tutela, a oferta de formação do ensino superior é completamente enviesada distorcendo o equilíbrio entre a oferta e a procura. Uma pesquisa na página do Ministério sobre a oferta de cursos, mostra como qualificando à partida de forma especializada (a banda estreita), rapidamente se esgota a capacidade de absorção do mercado de trabalho. Embora entenda que a oferta formativa de qualificação superior não deva ser liderada pelo mercado, longe disso, também não o pode esquecer.
Aqui ficam alguns exemplos, Políticas de Bem Estar em Perspectiva: Evolução Conceito e Actores; Gestão e Sustentabilidade no Turismo; Envelhecimento Activo; Fruticultura Integrada; Psicoacústica; Comércio Electrónico; Design do Produto; Marketing Relacional; Negócios Internacionais; Resolução Alternativa de Litígios; Solicitadoria de Execução; Empreendedorismo; Biorremediação; Marketing Research; Aconselhamento e Informação em Farmácia; Ciências da Complexidade; Estudos Sociais da Ciência; Gestão de Mercados de Arte; Instituições e Justiça Social, Gestão e Desenvolvimento; Novas Fronteiras do Direito; Branding e Design de Moda; Estudos Regionais e Locais; Design e Desenvolvimento de Fármacos; Alimentação - Fontes, Cultura e Sociedade; Ciências da Paisagem; Psicomotrocidade Relacional; Anatomia Artística; Gestão Integrada de Relvados Desportivos e Ornamentais; História Marítima; Geomática Ambiental; Comunicação de Moda; Comunicação e Desporto; Ciências Gastronómicas; Engenharia da Soldadura; As Humanidades na Europa: Convergências e Aberturas; Metropolização, Planeamento Estratégico e Sustentabilidade; Gestão de Pessoas.
É este quadro que torna complicada a vida de muito jovens.

2 comentários:

anónimo paz disse...

OCDE foi criada em Setembro de 1961sucedendo à ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO ECONÓMICA EUROPEIA, criada em Abril 1948.
Também é chamada de "GRUPO DOS RICOS" porque os 31 países participantes produzem juntos mais de metade de toda a riqueza do mundo.

OBJECTIVOS
-Apoiar um crescimento económico duradouro
-desenvolver o desemprego
-elevar o nível de vida
-manter a estabilidade financeira.

No mínimo é irónico Portugal ser um membro fundador!!!

Por isso considero que Portugal nas ASSIMETRIAS é um país COERENTE E VANGUARDISTA.

Recuando até onde a minha memória permite penso que temos sido governados por FRACOS DE CORPO E ESPÍRITO ou seja IMBECIS.

saudações

an´pnimo paz disse...

ERRATA

Incorrecto: desenvolver o desemprego

Correcto: desenvolver o emprego

autor pede desculpas

saudações