segunda-feira, 14 de março de 2011

AINDA HÁ GENTE SÉRIA

Primeiro a história, pouco valiosa aliás, apenas sessenta cêntimos de história mas em tempos de austeridade há que poupar, até no valor das histórias.
Sempre que posso as manhãs de Domingo começam com uma corrida pelo Parque da Paz, um espaço bonito que existe aqui margem certa do Tejo, a sul. Tal rotina leva-me a que neste dia adquira o Público num quiosque diferente dos outros dias, fica a caminho do Parque da Paz. Hoje, como de costume, entrei, deixei 1,60 € para o jornal e, já me vinha embora, oiço a senhora do quiosque, "Espere, devo dinheiro ao senhor. Na Terça-feira de Carnaval deixou também 1,60 € mas durante a semana o jornal é 1 €. Só depois me dei conta, chamei-o mas já não ouviu" e deu-me os sessenta cêntimos da diferença. De facto, somos animais de hábitos, a um dia que não é de trabalho, àquela hora e naquele quiosque, na minha cabeça era Domingo e não Terça-feira.
Como vêem, história barata mesmo. No entanto, fiquei a pensar e lembrei-me de um lugar comum, "ainda há pessoas sérias". É certo que a seriedade já começa a ser notícia por ir escasseando, vejam-se as referências na imprensa sempre que aparece uma história contando que alguém devolveu um valor que encontrou ou corrigiu uma transacção na qual estaria a ser indevidamente beneficiado. Há uns anos, sério era dos primeiros adjectivos destinados a alguém, actualmente diz-se que é fixe, porreiro, acho que não são sinónimos. Com muita frequência, um comportamento como o da senhora do quiosque é considerado "totó", "ingénuo" ou outra qualquer coisa da mesma natureza.
Felizmente há mesmo, ainda, pessoas sérias.
Até a corrida me pareceu mais leve.

1 comentário:

anónimo paz disse...

Fico surpreendido quando alguém diz: gosto de fulano, porque fulano é honesto. Não percebo tal referência. Ser honesto virou qualidade?
Ser honesto é igual a ser bonito, gentil ou agradável? Devemos parabenizar aqueles que são honestos?. Não, penso que não!
É como recomendar aos nossos filhos quando vão passear com casal amigo: porta-te bem, anh!
Estamos já a conceder-lhes a hipótese do contrário.

O comportamento humano deve ser INATO e não ADQUIRIDO.Ou seja: a natureza dominar o meio.

Infelizmente tenho que concordar que a sua experiência com o técnico
de venda de jornais não é muito vulgar nos tempos que correm.

Esteja completamente á vontade para dizer que sou um LÍRICO.

saudações