sexta-feira, 11 de março de 2011

ILITERACIA?

Depois do forte alarido causado pelo discurso que Cavaco Silva proferiu no comício, perdão, na tomada de posse, devido a um alegado excesso na forma com referiu a acção governativa e o estado de país, o Presidente veio através da sua página do Facebook, sinais dos tempos, colocar água na fervura com o argumentário do costume, “má interpretação das suas palavras”.
Esta questão parece-me interessante. Em primeiro lugar se considerarmos que os estudos sobre o desempenho escolar da população portuguesa, sobretudo dos mais novos, evidencia sistematicamente baixos níveis de literacia com reflexos particulares nas dificuldades de interpretação e sabendo também que os mais velhos são ainda menos qualificados, ninguém obviamente estranharia as dificuldades em interpretar as palavras do Presidente.
No entanto, a questão não é essa, os discursos políticos, habitualmente não precisam de legenda ou glossário que facilitem a interpretação. Creio que é muito óbvio para toda a gente que as palavras do Professor Cavaco Silva foram de uma clareza transparente, todos entendemos muito bem o que o foi dito, os recados e os destinatários, sendo ainda que se há político em Portugal cuidadoso com as palavras é precisamente Cavaco Silva.
A questão central decorre, do meu ponto de vista, da falta de qualidade genérica do discurso político em Portugal que tende a considerar o cidadão comum como alguém que vota nos momentos certos nos nomes certos e não alguém com capacidade crítica e de reflexão. Na prática, este entendimento leva a que, sistematicamente, os políticos achem absolutamente natural fazer as afirmações que melhor julgam servir os seus interesses imediatos e, quando confrontados com o impacto das suas palavras, respondam em regra qualquer coisa como “eu não quis dizer isso, é a sua interpretação”.
Não, na maior parte das vezes, as lideranças políticas querem dizer exactamente o que disseram mas, na hora de assumir a responsabilidade pelo que dizem ou fazem, são fracos.
Esse é que é o grande problema, fraqueza, falta de espinha, ou de uma forma mais simples como dizia a minha avó Leonor “são uns troca-tintas”.

1 comentário:

anónimo paz disse...

A moldura política portuguesa é esquizofrénica!

Pensam que o povo tem semelhanças com as galinhas em matéria de estupidez.

saudações