quarta-feira, 15 de abril de 2009

FOLCLORE POLÍTICO E DOIS MILHÕES SEM EIRA NEM BEIRA

Lamento, mas não vou falar da canção dos Xutos “Sem eira nem beira” que alguma imprensa, o Público por exemplo, empurra para banda sonora da contestação ao engenheiro. È a parte folclórica da política à portuguesa, que vai na mesma linha de transformar o Pedro Abrunhosa em revolucionário responsável pela queda do cavaquismo porque se lembrou de cantar “não posso mais”. Aliás, como eles próprios dizem, de revolucionários e de militância política os Xutos têm muito pouco. Em termos mais pragmáticos poderão vir a agradecer o excelente efeito de marketing.
O problema sério é que, folclore à parte, um estudo, com dados de 2006, divulgado pelo Banco de Portugal evidencia a existência de 2 milhões de pobres em Portugal dos quais 300 000 são crianças. A valores da época viveriam com menos de 382 € de rendimento. Isto é que é verdadeiramente importante, dois milhões de pessoas a viver sem eira nem beira. Dois anos depois e com a crise instalada a situação deverá ser pior. Nem sequer tenho a certeza se os Xutos estavam a pensar nesta gente.
De positivo, o estudo refere algo que frequentemente aqui tenho defendido e que contraria alguns discursos que, sublinhando o desemprego entre licenciados, desvalorizam a formação de nível superior. De facto, o estudo refere-se ao “elevado retorno da educação no mercado de trabalho em Portugal, sobretudo nas pessoas com formação superior.”
O resto é folclore político.

Sem comentários: