sábado, 18 de abril de 2009

TEM QUE SER

Na linha de alguns textinhos que por aqui passam, retorno hoje a expressões que utilizamos com frequência no nosso quotidiano. Em minha opinião uma das expressões mas elucidativas da “alma portuguesa” é “tem que ser”, mas o “tem que ser” da resignação, não o “tem que ser” igual ao “quero que seja”. Quem nos ouvir e entenda vai ficar convencido de que estamos vivos e nos movemos porque, isso mesmo, tem que ser.
Se repararem, muitos de nós conseguimos responder com um “tem que ser” até a propósito de tarefas de que, em princípio, gostamos, “Vais almoçar? Tem que ser”. No entanto, na maior parte das vezes o tem que ser acompanha a referência a algo que faz parte da vida da maioria de nós, trabalhar ou estudar, ”Vais para a escola? Tem que ser”, “Vou para o trabalho, tem que ser”.
Somos, com é sabido, um dos países mais consumidores de medicamentos e com um nível elevado de auto-medicação. Esta tendência, será, por ventura, resultante de uma espécie de hipocondria colectiva. Provavelmente, por estas razões, o “tem que ser”, para os mais chegados às questões da saúde, é substituído pela variante “que remédio” sempre na versão resignação. Viver porque “tem de ser”, viver porque “que remédio”, é demasiado curto para se viver bem

2 comentários:

Unknown disse...

Parabéns pelo Blog. Acabo de o descobrir. Gostei bastante da forma como escreve. Tenho um para a troca. Se quiser espreitar, encontra-se em: http://peroladecultura.blogspot.com
Abraços aí para o Alentejo.

Zé Morgado disse...

Obrigado e apareça sempre.