segunda-feira, 10 de setembro de 2007

A LIBERDADE DE EDUCAÇÃO, ALGUNS EQUÍVOCOS

Há algum tempo que tem vindo a emergir a questão da liberdade de educação, isto é, a possibilidade dos pais poderem escolher a escola dos filhos. Esta discussão é, quase sempre, centrada na questão ensino público vs ensino privado. No entanto, é bom não esquecer que mesmo entre escolas públicas, as crianças devem frequentar a escola da sua área de residência pelo que a escolha é também limitada. Mas consideremos a questão do acesso a escolas privadas que remete obviamente para os custos. Dizem os defensores do que consideram “liberdade de educação” que as famílias poderiam aceder a um “cheque-educação” e, assim, suportar a frequência de escolas privadas.
Sabendo todos como muitas escolas privadas são altamente selectivas na população que servem, só por ingenuidade ou demagogia poderemos acreditar que a filha da D. Maria, funcionária da limpeza no Centro Comercial, entra no colégio que escolher só porque no fim do mês o “cheque-educação” pagará o custo da mensalidade. Não, sejamos sérios. A melhor forma de proteger a liberdade de educação é uma fortíssima cultura de qualidade e exigência na escola pública e uma acção social escolar eficaz e oportuna. Assim teremos mais facilmente boas escolas, públicas ou privadas.
A este propósito, ontem num trabalho do Público sobre o início do ano lectivo, foi referida uma família, bastante numerosa, oito filhos o que em tempos de crise demográfica é de saudar, que optando por escolas privadas, desembolsou 26 000 € pela anuidade de todos os filhos obtendo, no entanto, algum apoio da acção social escolar. O que eu acho verdadeiramente notável é que os pais afirmaram preferir escolas privadas, uma masculina para os filhos e outra feminina para as filhas “para dar continuidade ao ambiente familiar”. Um ambiente familiar organizado por género?

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