O DN recorda que uma das medidas do Plano “+ Aulas + Sucesso” anunciada em 2024 seria um dispositivo de apoio aos directores de turma.
Estranhamente, dada a nossa
fortíssima tradição de cumprir planos e objectivos … ainda não aconteceu nada.
Pensando melhor, acontece, a notícia refere que muitos professores asfixiados
pelo clima das escolas, a insuficiência de recursos, a carga diária de trabalho
e o peso de uma burocracia esmagadora estão a recusar horários para não assumir
a direcção de turmas.
Já aqui tenho referido que a
função Direcção de Turma assume um papel central no nosso sistema educativo,
sendo, lamentavelmente, pouco cuidadas e promovidas as condições para o seu
desempenho com qualidade e eficiência. Na verdade, a actividade do DT, para usar a linguagem
da escola, tem um conjunto dimensões de extraordinária importância. Vejamos
alguns aspectos, obviamente conhecidos, sem preocupação de hierarquia.
O DT é o interlocutor dos pais e
encarregados de educação. Toda a comunicação e relação entre a família e a
escola, cuja relevância é dispensável acentuar, assentam no DT. A realização
das Reuniões de Pais e Encarregados de Educação, a comunicação regular entre
pais e escola são dispositivos da sua responsabilidade e a forma como a sua
função é desempenhada pode ser um fortíssimo contributo para o envolvimento
mais eficaz e positivo dos pais na vida escolar dos alunos.
O DT é um mediador entre os
alunos e a escola, ou seja, pode e deve ser um regulador da relação dos alunos
com os colegas, tentando perceber fragilidades ou dificuldades, com outros
professores, detectando questões ou aspectos que careçam de alguma atenção e
eventual intervenção.
O DT pode, no trabalho que
realiza com os alunos, providenciar informação, orientação, apoio, etc., para
as inúmeras dúvidas que nas diferentes idades se podem colocar. Informação
sobre o estudo e como estudar, informação sobre trajectos escolares face à
oferta educativa, promoção de competências sociais, analisando e discutindo
problemas do quotidiano escolar ou pessoal potenciando a formação pessoal dos
alunos, etc.
O DT tem um papel importante
também na promoção da articulação e coerência das intervenções educativas que
envolvem alunos com necessidades educativas especiais.
Apenas com estes exemplos, e não
passam disso, sempre entendi com alguma dificuldade que a escolha para DT não
fosse realizada fundamentalmente com critérios de perfil, motivação e
experiência dando azo a situações conhecidas de inadequação.
Neste quadro torna-se difícil
entender a carga burocrática e administrativa que foi sendo colocada nos DT,
como em todos os professores, inibindo a utilização do tempo, (pouco) para a
função de forma mais útil e adequada.
Também estranho a pouca atenção
dada à necessidade de dispositivos de apoio dirigidos a aspectos como gestão de
conflitos, percepção de sinais de risco nos miúdos e nos seus comportamentos,
(alunos envolvidos em episódios de bullying ou vítimas de maus tratos, por
exemplo) organização e gestão de reuniões de pais ou modelos e técnicas de
estudo, poderiam ser ferramentas úteis para o desempenho com mais eficiência
dessa função essencial.
Na verdade, quem conhece o
universo das escolas, reconhece a importância da função DT e todos conhecemos
professores que pelas suas qualidades pessoais e profissionais são muito bons
exemplos do que é ser DT.
Melhores condições e apoio para o
seu o exercício são necessárias e urgentes.
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