Hoje umas notas voltadas para dentro. Ao pensar na escrita para o Atenta Inquietude dei-me conta de que este trajecto começou em 6 de Fevereiro de 2007, há 18 anos, uma estrada já longa.
Tornou-se um hábito diário que,
por enquanto, vou mantendo, contemplando o mundo, lendo o que diz, pensando no
que acontece, no que devia acontecer, porque acontece, porque não acontece,
partilhando dúvidas e, desculpem o atrevimento, algumas certezas.
Como não podia deixar de ser um trajecto profissional ligado à psicologia da educação, à formação universitária e profissional, à intervenção com pais e escolas, alimenta um
olhar privilegiadamente dirigido para os mais novos, para a educação, para o
bem-estar ou mal-estar de crianças e adolescentes, para a escola e para os
agentes educativos, para as políticas públicas nestas áreas, etc.
Às vezes acho que vou parar,
estou mais cansado, aos 70 anos acredito que já disse o que entendi que devia dizer, repito-me vezes sem
conta a falar de muitas matérias, a contar histórias, algo de que os velhos
gostam e (ou) precisam, mas, mais um dia, mais umas notas e assim tem sido nestes 18 anos.
É verdade que o retorno que
muitas vezes chega por simpatia de quem acompanha ajuda a continuar.
Como dizemos no meu Alentejo, deixem lá
ver até quando.
Por curiosidade deixo um texto
que coloquei no primeiro dia de vida do Atenta Inquietude.
“É velha na comunidade
científica a dificuldade de estabelecer um equilíbrio entre um conhecimento de
natureza "especialista" e o conhecimento de natureza
"generalista". Não é tarefa fácil se considerarmos o volume enorme e
virtualmente inesgotável de informação disponível e em construção sobre a
totalidade dos temas que, por qualquer razão, possam ser objecto de estudo.
Daí o sempre presente desafio
epistemológico da formação e desenvolvimento do conhecimento buscando o
inatingível compromisso entre "saber muito sobre pouca coisa" e
"saber pouco sobre muita coisa".
No entanto, de há algum tempo
para cá emergiram na "medioesfera" um grupo de opinadores de origens
diversas que parecem ter resolvido o tal imbróglio epistemológico. Refiro-me à
seita dos TUDÓLOGOS, isso mesmo, os que sabem de tudo. É vê-los a emitir os
seus "ACHISMOS" ou numa variante semântica também frequente os seus
"PARA MIM..." por todo o lado onde apareça um microfone, uma câmara
ou uma página de jornal ou revista.
O espectáculo é, por vezes,
arrasador para a auto-estima de um cidadão que ao longo de uma laboriosa vida
de estudo e reflexão procura conhecer uma qualquer área do saber. Eles, sempre
os mesmos, falam, "acham", sobre não importa o quê, saúde, política
(externa ou interna), educação, i & d, economia, arte, etc (uff!!).
Estranhamente, por vezes, aparecem também acompanhados por pessoas de facto
conhecedoras das áreas em discussão e de quem esperam, ou arrogantemente
exigem, a caução da sua óbvia ignorância mascarada de "opinião
esclarecida".
Curiosamente, a comunicação
social ou, para ser justo, boa parte dela também mal preparada deleitando-se
com a exibição despudorada de um umbigo tão grande quanto a ignorância,
subscreve e amplia as maiores banalidades ou disparates que, diletantemente, os
TUDÓLOGOS emitem.”
Como parece evidente, trata-se
uma reflexão datada e, por isso, completamente ultrapassada, é só mesmo uma
curiosidade histórica.
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