No dia 29 de Janeiro os Srs. Algoritmos do FB recordaram-me um texto “Tempos velhos, Tempo novos”, que no mesmo dia, mas em 2020, coloquei a propósito de se assinalar nessa data a passagem dos 75 anos da libertação de Auschwitz, que, inevitavelmente nos lembram tempos de terror, tempos de holocausto.
Curiosos, reli o que então
escrevi e fiquei ainda mais inquieto, estamos em 2025 e tudo me parece actual.
Escrevi assim.
Os tempos passados de Auschwitz não
podem fazer esquecer estes tempos, sobretudo, numa época em que a intolerância,
o racismo, o atropelo a direitos de minorias, a violência, o ódio, a exclusão,
parem estar a crescer, estão muito perto de cada um de nós.
Acho que muitos de nós chegámos a
acreditar que algumas páginas da história estariam viradas de vez e seriam
história. Muitos de nós sentimo-nos perplexos porque são … o presente.
Sabemos que os comportamentos e
discursos fortemente ligados à camada mais funda do nosso sistema de valores,
crenças e convicções são de mudança demorada. Esta circunstância, torna ainda
mais necessária a existência de dispositivos ao nível da formação e educação de
crianças e jovens e de uma abordagem séria e persistente nos meios de
comunicação social que assentem na promoção da tolerância e respeito pela
diferença pelos direitos humanos.
Se olharmos para a mediocridade
da generalidade das lideranças actuais mais evidente se torna que só uma aposta
muito forte na educação, escolar e familiar, pode promover mudanças sustentadas
neste quadro de valores.
É uma aposta que urge e tão importante
como os conhecimentos curriculares.
Estou com os netos aqui no monte
numa tarde de chuva, a semestralização da sua vida escolar assim o proporciona,
tenho o neto grande, o Simão, aqui ao lado a jogar xadrez no computador
enquanto não vamos para a oficina fazer projectos e é justamente isso que me
inquieta. Que projectos estarão à espera do Simão e do Tomás? Tempos mesmo
novos tomando “novas qualidades” como falava Camões ou tempos que na substância
serão velhos no que é essencial, o bem-estar das pessoas, de todas as pessoas e
na linha de Lampedusa, “é preciso que tudo mude para que tudo fique na mesma”.
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