Com base em dados divulgados pelo Ministério da Educação relativos a 22/23, o Expresso tem um trabalho relativo ao número de alunos que é apoiado pela Acção Social Escolar.
Um terço dos alunos, 36%, do
pré-escolar ao secundário, beneficiam deste apoio, 405891 alunos, ligeiramente
abaixo do ano anterior, 407678.
No entanto, a descida observa-se nos
apoios a alunos do secundário, nível de ensino em que subiu o abandono, dito de
outra forma, os alunos que mais abandonam pertencem a agregados familiares de
menor rendimento o que pode explicar o abaixamento do número de alunos com apoio.
Acresce que na educação
pré-escolar o número de alunos com apoio subiu 3% verificando-se o valor mais elevado dos últimos cinco anos. No 1º e 2º
ciclo também a subida se verifica com mais de 40% dos alunos a beneficiar de
apoio social.
Recordo ainda que dados do INE
mostram que a "taxa de risco de pobreza infantil em 2023 foi de
20,7%", correspondendo a um regresso aos valores de 2017, o que coloca as
crianças como o "grupo etário que regista a maior taxa de risco de pobreza
e também aquele em que se observa uma evolução mais desfavorável deste
indicador",
Os dados são inquietantes, está
bem estudada a relação entre a situação económica, laboral e nível de literacia
familiar no trajecto pessoal sendo que, sem surpresa, são estes alunos que,
globalmente, mais dificuldades sentem no desempenho escolar bem sucedido.
Também sabemos que a pobreza tem
claramente uma dimensão estrutural e intergeracional, as crianças de famílias
pobres demorarão até cinco gerações a aceder a rendimentos médios, um indicador
acima da média europeia.
A escola é certamente uma
ferramenta poderosa de promoção de mobilidade social, mas, por si só,
dificilmente funciona como elevador social.
O impacto das circunstâncias de
vida no bem-estar das crianças e em aspectos mais particulares como o
rendimento escolar ou o comportamento é por demais conhecido e essas
circunstâncias constituem, aliás, um dos mais potentes preditores de insucesso
e abandono quando são particularmente negativas, como é o caso de carências
significativas ao nível das necessidades básicas.
É este o desafio que enfrentam as
políticas públicas de diferentes sectores.
Em nome do futuro, não podemos
falhar.
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