sábado, 12 de janeiro de 2019

PSICOLOGIA E AGRICULTURA


A psicóloga Maria José Vilaça, da Associação dos Psicólogos Católicos, está de novo envolvida num episódio que me parece lamentável desde logo pela forma como foi conhecido, através de uma gravação com câmara oculta no âmbito de uma reportagem da TVI, método de investigação de duvidosa legalidade e robustez ética e deontológica.
A senhora desenvolve “terapias “de reconversão para homossexuais realizadas numa Igreja e produz afirmações obviamente fora dos quadros científicos reconhecidos.
Recordarão que há algum tempo afirmou à revista Família Cristã que os pais, em nome do amor, devem aceitar os filhos homossexuais mesmo sem aceitar a homossexualidade, porque “sei que ele vive de uma forma que eu sei que não é natural e que o faz sofrer.” É como ter um filho toxicodependente, não vou dizer que é bom.”
Apesar de ter sido desencadeado um procedimento por parte da Ordem dos Psicólogos Portugueses, ainda não terminado, a Dra. Vilaça prossegue a sua guerra santa. No seu entendimento essas coisas da droga e da homossexualidade não são naturais, são doenças e são más, fazem sofrer e os bem formados devem cuidar e aceitar estes pobres coitados que caíram nas garras de tal padecimento. Devem ainda ser tratados os que padecem destas doenças.
Não Dra. Maria José Vilaça, precisa de entender que dimensões naturais como valores, convicções, preconceitos, sendo legítimas não são ciência e podem fazer sofrer pessoas. Assim usadas não são boas, são tóxicas.
É por episódios desta natureza que quando em algumas circunstâncias me perguntam se sou psicólogo me apetece responder que sou agricultor. Gosto muito da agricultura, estou aqui no Monte ainda com umas árvores para limpar, mas gosto ainda mais da psicologia sobretudo, naturalmente, da área em que trabalho, a psicologia da educação. Por isso me inquieta a forma como por vezes é maltratada por aqueles que melhor a deviam tratar, nós próprios, em nome da ciência, em nome da ética e da deontologia e em nome das pessoas e instituições com quem trabalhamos.
É sempre com alguma decepção e preocupação que oiço alguns discursos e conheço alguns comportamentos ou atitudes.
Não servem a ninguém.
A Ordem divulgou que será desencadeado um novo procedimento que, evidentemente, não terá qualquer efeito na intervenção da Dra. Vilaça. As afirmações registadas são esclarecedoras.

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