sábado, 5 de janeiro de 2019

OS NOMES QUE NOS DÃO

Num dia ainda de acomodação ao novo ano uma espécie de assunto.
É com alguma curiosidade que aguardo no final de cada ano a divulgação pelo Instituto dos Registos e do Notariado dos nomes que os pais entendem que devemos chamar aos que vão nascendo e também neste aspecto em 2018, sem surpresa, se registam algumas mudanças. Aliás, quem como eu lida todos os anos com sucessivas gerações de alunos são evidentes e curiosas as alterações que se registam.
Nas raparigas a tradição ainda é o que era, Maria é o nome mais atribuído, Leonor é o segundo e Matilde o terceiro. Mantêm-se bem colocados nomes Carolina, Beatriz ou Mariana. Nomes como Catarina, Diana, Daniela, Joana e Sara entraram claramente em perda e Ana vai resistindo depois de ter passado muito tempo no topo da escolha.
Nos rapazes João recuperou o primeiro lugar por troca com Santiago que passou a terceiro, mantendo-se Francisco em segundo.
Também existem nomes oferecidos apenas a uma criança como Odete, Vanda, Adélio ou Evaristo.
Devo dizer que tenho vindo a ficar um pouco inquieto com o rumo que a coisa tem vindo a tomar. Um mundo sem “Sónias Andreias”, sem “Cátias Vanessas”, sem “Sandras Cristinas”, sem “Tatianas”, sem “Fábios”, sem “Mauros”, vai ser certamente um mundo diferente. Também em trabalhos anteriores sobre esta matéria se registava já a tentativa de sofisticar um pouco as escolhas, mantém-se o popular João mas temos o Santiago, o Rodrigo, o Martim, o Tomás, o Santiago, o Afonso, a Mariana, a Matilde, a Beatriz, entre outras, que nos garantem, enfim, outra apresentação.
Mas o que me deixou mais apreensivo face a esta questão, é que, recordando um trabalho também sobre esta matéria há algum tempo divulgado, parece notar-se que o povo está mesmo a voltar as costas aos nossos mais gloriosos nomes, sobretudo nos rapazes, nomes como Manuel, António, José, Paulo, Carlos, etc. estão em queda. Será que vamos deixar de ter um Carlos Jorge, um António Manuel, um Manuel Carlos, um José Manuel, um António João, um Paulo Jorge, tudo nomes na nossa melhor tradição?
Para dar um exemplo, os meus nomes, José e António desapareceram dos vinte primeiros na lista deste ano.
Até nos nomes! A nossa identidade está em mudança.
É certo que existem uns nomes que todos os dias, em voz mais alta ou mas baixa, chamamos a alguém e que se mantêm e manterão, aí a tradição ainda é o que era, felizmente.
Por outro lado, existe um outro lado dos nomes que se chamam e de que as pessoas e de que as pessoas não gostam, uma pequena história que há tempos aqui deixei.
"Gosto quando me chamam. Às vezes, muitas vezes, não me chamam.
Outras vezes chamam-me nomes que não são meus. Os crescidos chamam-me preguiçoso, distraído, parvo, bebé, coitadinho e outros nomes, sempre nomes que não são meus.
Os outros miúdos chamam-me badocha, gordo, bolacha, caixa de óculos, def e outros nomes, sempre nomes que não são meus.
Eu acho que as pessoas, todas as pessoas, só deviam ter um nome, o seu.".
Seja ele qual for, acrescentaria eu.

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